Razón y Palabra

Medios Audiovisuales

Número 16, Año 4, Noviembre 1999- Enero 2000


| Número del mes | Anteriores | Contribuciones | Sobre la Revista | Sitios de Interés | Directorio | Ediciones Especiales |

NO TREM DA HISTÓRIA

Por: Cláudio Costa Val*

(Brasil)

Chegar à estaçäo. Desejo de muitos viajantes. Objetivo de quem vai de um sítio a outro. Mas o que haverá pelo caminho? Pedras? Areia? Mar?

Dois irmäos, Louis e August, também conhecidos como Lumière, iniciaram uma viagem há 103 anos. Näo pegaram o trem. Ao contrário, eles estavam na estaçäo esperando-o chegar. E, ao verem-no, entraram sem saber no trem da história. Escreveram as primeiras páginas de um diário de bordo que näo se sabe quando terá fim (e terá fim?).

Outras páginas também foram escritas. Estäo sendo escritas. Por autores de nome às vezes estranho: Griffith, Chaplin, Murnau, Eisenstein, Buñuel, Welles, Malle, Houston, Ford, Hawks, Fellini, Kubrick, Leone, Barden, Boorman, Saura, Godard, Chabrol, Greenaway, Spielberg, Scorcese, Rocha, Linch, Besson, Almodóvar...

E o que ainda há por escrever? Tudo!!! Mais do que já foi escrito. Ainda há muita tinta na pena. Ainda há muita lenha para queimar, para alimentar a caldeira. O trem da história näo pára. Há muitas estaçöes a visitar. Novos viajantes a embarcar. O destino? Bem, o destino só o destino dirá...

Novas tecnologias. Novas possibilidades. Horizontes mais amplos. Satélites, cabos, compressöes, digitalizaçöes. O nosso mundo - esta pequena bolinha azul pendurada no universo - vaga sozinho. Mas está predestinado à vida. À criaçäo e à preservaçäo dela. A vida pulsa no ar, na terra, no fogo, na água, no amor: cinco elementos. Ou seräo mais? Naturalmente, pois a vida também pulsa no dial, na tela, em fotogramas, em magnéticos, em discos rígidos. Vida virtual. Subjetividade. Poesia. Sempre haverá mais para viver do que tudo que já vivemos.

O cinema vive. Renasce todos os dias. Os autores e atores mudam, os estilos se transformam (se transformam?), os suportes e os processos evoluem. Mas aquela chama, aquele sopro indicial poderoso, que também chamamos de talento, permanece. Em cumplicidade com a câmera, presente, onipresente. Reescrevendo o passado e imaginando o futuro. Um admirável mundo novo, onde nenhum homem jamais esteve. Acreditando na insustentável leveza do ser. Ser artista, ser humano. Pensar cinema, respirar cinema, viver cinema. Nascer e morrer todos os dias. A cada tomada, a cada corte. Para depois, renascer na moviola. Reencarnar em AVID.

Em cinema, o mínimo é o máximo. O erro, às vezes, é um grande acerto. E a vida? É muito diferente disso?

*Claudio Costa Val: Actor y Director de Cine en Brasil



Regreso al índice de esta edición