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2000

 

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Informática e cidadania podem caminhar juntas
 
Por Dilene Ferreira
Número 18

Escolas permitem a alunos menos favorecidos entrar no universo da informática, rompendo o abismo tecnológico entre ricos e pobres em várias cidades do Brasil

Mais de 400 alunos - entre crianças, adolescentes e pessoas de mais idade - estão sendo beneficiados nas três primeiras Escolas de Informática e Cidadania de Belo Horizonte. A maioria não tem equipamento em casa e só tem acesso ao computador porque as escolas implantadas cumprem o objetivo de "romper o apartheid digital" ao cobrar uma mensalidade simbólica de R$15,00.

Essas escolas, como outras mais de 100 em funcionamento no País, seguem a orientação do Comitê para a Democratização da Informática (CDI), fundado por iniciativa de Rodrigo Baggio (leia box). Além de facilitar o acesso das pessoas mais simples ao universo tecnológico, devido ao preço baixo, as escolas são auto-gestionárias e auto-sustentáveis, seguindo os princípios básicos da filosofia do CDI, que são a popularização da informática e a promoção da cidadania.

Em Belo Horizonte, as Escolas de Informática e Cidadania são mantidas graças a uma parceria com o Projeto Cidadãos para o Século XXI. De acordo com o jornalista Demóstenes Romano, um dos articuladores do Projeto e agora também do CDI, a iniciativa pretende, cada vez mais, por fim ao abismo tecnológico existente no Brasil entre ricos e pobres. "As crianças nascidas em famílias de alta escolaridade e alto nível de renda têm uma boa casa para morar, boa alimentação, estudam nas melhores escolas, têm todo o material didático necessário e acesso fácil ao computador tanto como fonte de aprendizado quanto de lazer. Enquanto isso, no extremo oposto, há crianças que não têm uma boa casa e uma boa escola e cujos pais nunca assinaram um jornal, uma revista, leram um livro ou viram de perto um equipamento de informática", compara.

Segundo o jornalista, a idéia é justamente suprir essa lacuna. "O computador hoje é uma chave para o mundo, a informática substitui a antiga aula de datilografia. A pessoa que tem acesso a esse aprendizado tem muito mais possibilidades de expandir seus horizontes e de conseguir um lugar no mercado de trabalho, que está cada vez mais seletivo". Demóstenes destaca que, além de cumprir esse papel social de facilitar o acesso das pessoas com menores condições financeiras ao emprego, o conhecimento de informática ajuda no resgate da auto-estima. "A pessoa pode não ter uma boa casa, carro, assinaturas de revistas etc, mas se tiver acesso ao computador e ao mundo novo que ele é capaz de descortinar, com certeza vai se sentir valorizada e importante dentro da comunidade. Até para um garoto que está começando como office-boy a computação faz falta hoje em dia".
 
  Colaboração de todos
 
As três Escolas de Cidadania e Informática em funcionamento em Belo Horizonte estão localizadas nos bairros Horto, Sagrada Família e Instituto Agronômico. Os equipamentos utilizados foram doados por empresas e particulares e todo o trabalho é voluntário.

A quantidade e o ritmo de implantação de novas escolas dependem diretamente do número de doações que receberem o CDI e a Sociedade de Usuários de Informática e Telecomunicações de Minas Gerais (Sucesu-MG), que encampou a idéia e tornou-se uma das entidades parceiras do projeto.

De acordo com Demóstenes Romano, são aceitas doações de qualquer equipamento, peça, acessório ou suprimento de informática. "Até mesmo os cartuchos vazios de impressora, que a maioria das pessoas joga no lixo, podem nos ajudar a implantar novas escolas". Salienta.

Para se ter uma idéia do que a doação de cartuchos vazios pode representar para a melhoria e ampliação dos trabalhos do CDI e do Projeto Cidadãos para o Século XXI, com 42 mil cartuchos velhos é possível instalar, em seis meses, 12 novas Escolas de Informática e Cidadania, capazes de atender a preços simbólicos a um mínimo de 2.160 pessoas que não possuam equipamentos, que não tenham outra forma de acesso a computadores e que estejam precisando da informática como condição não apenas de "empregabilidade", mas acima de tudo de "passaporte" para um novo patamar de cidadania.
   

BOX

Sonho fez Baggio criar primeira escola em favela do Rio de Janeiro
O idealizador e gestor do Comitê para a Democratização da Informática em nível de Brasil é o professor e consultor de informática Rodrigo Baggio. Filho de um alto executivo da IBM - uma das grandes potências mundiais na área da informática - desde garoto ele teve acesso a modernas tecnologias. Ter um computador em casa para Rodrigo era o mesmo que ter uma televisão ou um rádio.

Essa proximidade com a máquina ajudou Rodrigo a desenvolver sua inteligência e criatividade. Ainda na adolescência, ele criou um software tão interessante para a escola onde estudava que logo ganhou fama e começou a fazer programas de computação e a dar aulas de informática em colégios da elite carioca. Aos 18 anos, Rodrigo Baggio já possuía um apartamento, um carro e um barco, comprados com seu próprio dinheiro.

A vida transcorria tranqüilamente, tudo se realizando conforme os planos do professor, até que uma noite ele teve um sonho que mudou definitivamente o curso de seu trabalho. Baggio sonhou com uma voz que lhe dizia que aquilo que ele estava fazendo era muito interessante, mas em nada mudava uma triste realidade social: O acesso à informática continuava sendo privilégio dos ricos. Era preciso democratizar o direito do uso dos computadores.

O sonho o deixou tão impressionado que o professor não hesitou em colocá-lo rapidamente em prática. Com equipamentos doados e trabalho voluntário, sem gastar um tostão, ele fundou, em 1995, a primeira Escola de Informática e Cidadania, em uma favela do Rio de Janeiro. Seu exemplo motivou outras pessoas e não demorou muito para que fosse criado o CDI, que hoje conta com mais de cem escolas espalhadas pelo País, além de uma em Tóquio, no Japão.

Por seu empenho em oferecer educação e profissionalização através da informática a crianças e jovens carentes que dificilmente teriam essa oportunidade e sua luta contra o que chama de apartheid digital, Rodrigo Baggio é considerado pela Organização das Nações Unidas (ONU) como um dos "líderes do futuro da humanidade".


Dilene Ferreira
Colaborador del Jornal de Opinião Belo Horizonte

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