Por Gonçalo Furtado y Miguel Oliveira
Número 41
Relação entre
modos de Espaço urbano, Comunicação e Pensamento
O homem é homem por possuir uma determinada comunicabilidade,
mas tal pode ser complexificado contemplando as relações
espaço urbano – comunicação - pensamento.
Atenda-se que a sedentarização
foi tão crucial para o desenvolvimento da espécie
humana como a Linguagem, e a constituição da cultura
urbana foi algo construído ao longo de séculos.
A cidade surgiu como espaço
circunscrito e delimitado em relação à tenebrosa
imensidão do que estava para lá das muralhas onde
habitava o “outro” selvagem. Não por acaso, o
outro selvagem era frequentemente apenas o “estrangeiro”
que não partilhava uma mesma linguagem ou o nómada
que se movia fisicamente.
Durante séculos, o homem
confinado a um espaço fechado tradicionalmente chamado cidade,
onde ocorria um tipo de mobilidade circunscrita e um modo de comunicação
e pensamento linear e hierárquico, tinha nesses três
aspectos reflectida a sua essência.
Mas a cidade por si própria,
enquanto expressão material de humanidade, teve historicamente
várias caracterizações: do assentamento pré-industrial,
á grande cidade industrial, à Metrópole moderna
com subúrbios, até a grande Metapolis policentrica
e dinâmica actual.
A cidade sempre foi um artefacto
cultural que representou a ideia que o homem faz do mundo e de si
próprio. Essa ideia era também unificada por um tipo
de pensamento e linguagem determinado inicialmente pela razão
teológica e posteriormente humanista e, até muito
recentemente, de característica una, hierárquica e
linear. Por isso a cidade se definia e correspondia à imagem
de um espaço concentrado, limitado, por contraste ao espaço
natural para lá das muralhas da cidade. Uma das mais sintomáticas
expressões desta realidade é que quando o homem tinha
de representar a cidade, sempre o fazia mediante uma representação
estática e circunscrevível (mediante uma planta ou
um desenho “perspectivado”). Também o pensamento
era uno, linear e hierárquico.
Que potencialidades aportam as recentes
tecnologias da comunicação?
Parece de facto, que muitos tem
associado a emergência de novos modos de comunicação
interactiva e móvel na ultima metade do século, aquilo
que os filósofos chamam de Pós-modernismo –
um modo de pensamento não marcado pelo determinismo uno,
linear e hierárquico.
Tal é expresso por analogia
na História da Arte da ultima metade do século, que
fazendo uso de novos media, tem contornado a figura do público
enquanto mero espectador (as performances, happenings,
e agora net art, etc.). A obra de arte não possui
já uma verdade e é apropriada por qualquer pessoa
em interactividade.
Mas também nas comunicações
quotidianas. Se os mass media houveram imposto, sobretudo desde
o pós-guerra, a conformação de uma sociedade
homogeneizada de consumo, em que a verdade e razão se criava
por aquilo que a rádio, a televisão, etc. ditava;
o desenvolvimento de formas de interferência pelo publico
nos media, expressa um dos grandes benefícios que as novas
tecnologias de comunicação permitirão á
sociedade
Neste sentido, é também
interessante que as tecnologias media Modernistas (TV, cinema, etc.)
tenham começado a permitir uma representação
dinâmica da cidade quando ela sofria uma grande mutação.
Se espaço, pensamento e comunicação
se transformavam no pós-guerra, é porque toda a essência
do homem por eles definido estava em transformação..
A história urbana do último
século, mais precisamente desde a industrialização,
é de ampliação e depois desfragmentação.
A cidade moderna prognosticado desde o inicio do século,
deu génese aquilo a que podemos chamar estilo de vida urbano.
Tal processo de mutação acelera-se no pós-guerra,
socorrendo-se de múltiplas tecnologias de mobilidade, como
o carro que permitiu à comunidade viver para lá do
anel suburbano, etc.
Progressivamente, com tamanha disseminação
e complexificação, surge paralelamente um, crise incluso
conceptual.
Quando a cidade perde a sua limitação
e contraste com o território envolvente, que até então
a definia enquanto tal, podemos continuar a falar de cidade?
A resposta é afirmativa.
Webber há muitas décadas começara a definir
uma cidade mais pelas dinâmicas e relacionamentos que estabelecia
do que pela sua fisicidade. Hoje, autores como Ascher falam numa
Metapolis, um cidade feita de relacionamentos dispersos pelo território.
Neste realidade, os estilos de vida
ficaram bastante dependente da mobilidade, da mobilidade física
como tinham na cidade industrial que referimos, mas também
da virtual pelos meios de representação telemáticos
á distancia. Passámos de seres estáticos a
ser móveis. Incluso, em termos de pensamento, em que começamos
a privilegiar um modos de pensamento já não encerrado
e hierárquicos mas aberta e rizomaticamente pós-modernos
para usar o chavão do filósofo Deleuze.
Neste sentido é interessante,
que a cidade, agora em mutação física e desfragmentação
em dinâmicas múltiplas, se torne também complexa
e imaterial na hora de ser representada numa imagem. A cidade afronta
uma certa impossibilidade de representação que não
seja múltipla. É neste sentido que se compreende o
aporte dos novos Sistemas de Informação Geográfica
(SIG’s) por exemplo.
Quanto ás tecnologias que
permitem o estilo de vida numa Metapolis, já não é
o carro da cidade industrial, ou mesmo os mass media tradicionais
da grande metrópole do pós-guerra. O novo meio de
deslocamento é o artefacto computacional de comunicação
conectado a redes de cabo e alambicas que permitem a inevitabilidade
de um estilo de vida nomádico na Metapolis contemporânea.
A Sociedade da Informação
A actual condição pós-moderna de mobilidade,
de pensamento, de representatividade e interactividade, vem-se expressando
metaforicamente na cidade e dentro da cidade numa edificação
geometricamente instável que tende para uma condição
imagética e de desmaterialização.
A pergunta será que significam
estes espaços que vem emergindo com o aflorar da Sociedade
da informação?
A resposta é o desejo cultural
de um novo modelo de comunicação para a cidade.
Atenda-se agora um pouco mais no
que é a sociedade da informação, como se conformou,
em que tipo de tecnologias se baseia, a sua presença no quotidiano
das actividades da sociedade, e também como tem sido implementada
na Europa, os seus benefícios e perversões.
Começando por definir SI:
vemos que tal modelo social surge por oposição à
agrícola ou industrial, onde a informação se
tornou em algo crucial, por exemplo para a cooperação,
competitividade e produtividade empresarial. (De facto, constatamos
que os serviços atingiram os 50% da actividade humana, revelando
desde a crise energética do pós-guerra um novo paradigma
económico). Vivemos a realidade da globalização
que salienta aspecto extensível de todas as actividades humanas
do local, (por exemplo da economia), a uma escala supranacional
e planetária .
Por outro lado, tudo está
marcado pela “imediaticidade” actual e a “mediatização”
da relação com o real, em que a actividade humana
tende a ser independente da condição fisica-material
(podendo assim falar-se numa nova concepção espaço-temporal
– o ciberespaço) .
O referido só é possível,
pela convergência da Informática e Telecomunicações,
que conduziram ao referido modelo social, adjectivável como
SI, e que deveríamos contemplar mesmo que sumariamente.
O desejo de comunicação
à distância (que conduz à concentração
do mundo), é histórico e remete obviamente para descobertas
desde o século XIX (com o telégrafo, o telefone, e
depois a TV e os actuais computadores) que significaram uma ampliação
comunicacional.
No que se refere à informática,
é visível a progressiva omnipresença.
Por exemplo pela progressiva miniturização
dos computadores de válvulas da segunda guerra, passamos
a mainframes de transístores do meio científico
e á associação de transístores à
placa de circuito impresso que permitiram os PC os microprocessadores
abrindo caminho para PC dos anos 70.
Por outro lado ocorreu uma sua generalização
devido à intuitividade de uso, pelos novos interfaces gráficos
e lógica plug and play que substitui a figura do programador
pelo utilizador.
Mais recentemente , prevêem-se
mesmo já interfaces de lógica vaga, delegação
PDA, e RV multisensorial imersiva.
Em suma, vemos que por vários
aspectos se verifica uma omnipresença destes meios em todos
sectores humanos, e para além disso, também as suas
capacidades (de armazenamento e velocidade segundo a lei de Moore)
) exponenciam-se desde anos 70.
Um passo decisivo nas últimas
décadas refere-se obviamente às telecomunicações.
Os anos 90 marcam uma articulação do computador com
as telecomunicações, surgindo novos aparatos, o Network
Computer e a TV digital com as suas promessas de oferta de serviços
(já prognosticados por coisas como pela Full Service Network
da Time Warner Cable que levou serviços ao domicilio).
Tal convergência conforma
em sentido metafórico num novo sistema nervoso para a sociedade
(composto por diferentes tecnologias de cabo, satélite, terminais,
midleware services de segurança, dinheiro electrónico,
etc.).
A actual Internet especificamente,
é vista como um protótipo de tal, tendo-se tornado
um fenómeno social, com aplicações múltiplas.
Entre elas o e-comércio é importante dado que é
o privado que tem promovido a SI, e a maioria dos conteúdos
ser comercial, (se se preveja pagar por bits e não por tempo).
Hoje, empresas virtuais competem com as suas gémeas físicas
(ex. Amazon de Jeff Bezzos que foi o homem de 1999 pela Times),
ainda que nos últimos anos tenham amainado tal euforia, e
o êxtase das capitalizações bolsistas e fusões
(tipo AOL), tenham diminuído o interesse por parte do capital
de risco.
A importância da SI é
tal que se tornou num projecto político.
NA CEE a implementação
do modelo da SI (que seguiu o plano tecnológico americano
de 1993) deu-se com o plano Delors e Relatorio Bangman (1994) e
mais recentemente com o programa e-europe. A estratégia vem-se
tornando visível com a liberalização das telecomunicações,
o privilegio de serviços e acesso à Net. etc
Mas também é certo
que se verifica um atraso mesmo da Europa relativamente à
dinâmica americana, por exemplo no referente a n.º PC,
acesso Net, e valores envolvidos no e-comerce, etc.
Mas que Benefícios e prejuízos
comporta a SI?
Ainda que o titulo de curiosidade,
é necessário consciencializar a ferocidade com que
operam os novos media sobre a colectividade de acordo com os interesses
Multinacionais. Pode mesmo ocorrer uma mutação cultural
que conduza a colapsos (como refere o filosofo da comunicação
Virilio) nos Estados, na identidade, na subjectividade, etc..
Existem outras consequências
já visíveis, como por exemplo as desigualdades (entre
info-excluídos e incluídos); as estandardizações
culturais pela estratégia das multinacionais de propagar
o imaginário de consumo (Schiller), pelo uso principal do
inglês, pela ausência de conteúdos de culturas
minoritárias, etc..
Os actuais fundamentalismos que
se vem expressando podem ser também vistos como reacção
a uma globalização desigualitária em curso,
a perca de identidade de muitas culturas e a falência do Estado
na regulação dos excessos da globalização.
Outro problema é a propagação
do “controle” que o filosofo Faucault analisou quanto
á anterior sociedade industrial. Na actual sociedade pós-industrial
da informação (com a realidade de mecanismos como
o GPS, sistema monetário internacional tipo VISA, Echellon,
etc.) conforma um panóptico digital e uma forma de “consumo
produtivo” (como refere o filosofo Echeverria) que recorre
também ás as novas tecnologias da comunicação.
Surgem problemas como a intimidade
e propriedade que põe o problema da encriptação
e legislação, que obviamente interferirá a
liberdade comunicacional original da Net.
Relação da
SI com o espaço arquitectónico
Após esta sintética caracterização da
SI, pense-se agora não só na cidade que já
abordada mas também na Arquitectura que nos é mais
próxima.
Como dissemos, a cidade contemporânea
adquiriu novas formas e dinâmicas numa nova geografia global
que especializa a organização económica pós-industrial.
Soja fala de um post-metropole e nós de Metapolis.
As Novas Tecnologias são
o que possibilitam a vida na metrópole difusa, respondendo
ao imperativo de mobilidade, e conformando território híbrido
fisico-virtual (Granham). Na Teoria de Arquitectura salienta-se
como principais autores Echeverria e Mitchell, que usam metáfora
da polis para entender esta sobreposição fisico-virtual,
e a descentralização da produção –consumo.
Para Mitchell do MIT estamos perante uma uma nova E-topia em termos
urbanos.
Mas como já denotámos,
a montante da reformulação da cidade é necessário
reinventar os espaços da Arquitectura.
A actual produção
arquitectónica prenuncia já a transitoriedade e hibridez
cultural, em formas flexíveis, imagéticas, efémeras
e desmaterializadas, tal como já referimos.
Mas a um nível mais concreto,
prevêem-se o que chamamos smart-spaces , espaços tecnologicamente
ricos, inteligentes e interactivos, que asseguram a conexão
real-virtual.
Numa Arquitectura do futuro, a informação
será um atributo, permitindo performances independentes da
localização, mas também requererá novos
espaços marcados pela flexibilidade e versatilidade de usos.
Segundo o teórico de arquitectura
Vidler, um dia o corpo-cyborg, expandido pelo seu desejo de mobilidade,
poderá mesmo prescindir da Arquitectura.
Mais que utopicamente falamos num
ser humano que progressivamente foi reformulando e ampliando as
suas relações com o espaço da cidade e arquitectura
em que actua, reformulando os seus modos de comunicação
e pensamento, que em grande parte contribuem na definição
da sua própria essência.
Parece que com as Novas Tecnologias
voltamos realmente ao modelo ancestral do homem nómada. Todos
somos nómadas, habitando cartografias múltiplas, simultaneamente
distantes e próximas, etc.
As Novas Tecnologias surgem sempre
são próteses, no sentido em que ampliam a capacidade
do homem, mas também profundos reformuladores da sua essência.
As tecnologias da comunicação física (como
o carro) ou móvel (como o telemóvel) tem reformulado
a essência do homem e o estilo de vida urbano, e a montante
a evolução de novos modos de cidade e das relações
humanas no território.
As Novas Comunicações
Falando de tecnologias móvel podemos abordar vários
casos e avançar uma descrição sistematizada:
Wi-Fi
Definição Wi-FI
A tecnologia Wi-Fi (Wireless Fidelity) é uma tecnologia
WLAN (Rede Local sem fios). Permite, numa área limitada,
conexões de alta velocidade entre dispositivos móveis
de dados como, por exemplo, computadores portáteis. Estes
dispositivos acedem a um ponto de acesso Wi-Fi, onde se autenticam
para acederem ao canal de comunicações que a rede
Wi-Fi disponibiliza.
Fig. 1 - Acesso
a uma rede Wi-Fi
As redes Wi-Fi pode ser configuradas
e operadas por qualquer pessoa, permitindo diferentes acesso a diferentes
redes. Um ponto de acesso que permite, numa localização
geográfica específica, conexão a uma rede (ex.
Internet) é denominado por HotSpot. Já é comum
encontrarmos hotspot’s em aeroportos, cybercafés, hotéis
e outros lugares públicos, de lazer ou trabalho.
Uma das iniciativas promovidas pelo
governo português é o Programa e-U <http://www.e-u.pt>
no âmbito do Plano de Acção para a Sociedade
da Informação. A e-U surge potenciada pela tecnologia
Wi-Fi, envolvendo Serviços, Conteúdos, Aplicações
e Rede de Comunicações Móveis (dentro e fora
da Universidade) para estudantes e professores do Ensino Superior,
que incentiva e facilita a produção, acesso e partilha
de Conhecimento.
Wi-Max
Definição Wi-Max
A tecnologia Wi-Max (Worldwide Interoperability for Microwave
Access) é uma tecnologia WLAN (Rede Local sem fios).
Comparativamente ao Wi-Fi, cobre uma área maior de sinal,
maior largura de banda e usa uma gama de frequências mais
alta.
No futuro, o Wi-Max vai substituir
o Wi-Fi?
Para garantir as características que foram referidas anteriormente,
o Wi-Max não substitui o Wi-Fi. A tecnologia Wi-Max usa uma
infra-estrutura de rede de dados fixa e, devido a utilizar uma gama
de frequências superior ao Wi-Fi, necessita de antenas de
alto ganho (aproximadamente do tamanho de um computador portátil).
Como resultado, o Wi-Max é uma tecnologia não móvel
sem fios de alta velocidade que conecta a um ponto fixo para outros
pontos fixos. Para clarificar estas definições, imagine
uma torre de rádio que emite um sinal para diversas antenas
instaladas no topo dos edifícios.
O Wi-Max é ideal para substituir
o alto custo da instalação e serviços de curta
distância em empresas que usam as tradicionais linhas T1.
Deste modo, o Wi-Max é capaz de integrar uma WLAN existente
conectando diversos edifícios num campus de uma empresa ou
corporação. Uma rede Wi-Max pode disponibilizar acesso
Ethernet para hot-spots Wi-Fi, cabo coaxial e serviços DSL.
Uma das vantagens do Wi-Max é
que permite acesso de alta velocidade à Internet, disponibilizando
um serviço wireless em regiões que carece de infra-estruturas
de cabo como, por exemplo, zonas rurais e zonas periféricas.
Fig. 2 - Rede Wi-Max
Tal como é referido em alguns
meios de discussão de tecnologias sem fios, o Wi-Max pode
tornar-se numa tecnologia concorrente à 3G ou a outras tecnologias
celulares de banda larga sem fios por disponibilizar acesso de alta
velocidade utilizando hot-spots Wi-Fi de baixo custo em diversos
locais estratégicos.
Provavelmente, estas tecnologias
evoluíram em paralelo, permitindo o uso a autenticas redes
sem fios. A tecnologia Wi-Max continuará a disponibilizar
Ethernet sem fios em grandes áreas e a grandes distâncias,
conectando pequenos sistemas WLAN, enquanto a tecnologia Wi-Fi permite
o acesso wireless a pequenos dispositivos móveis existentes
numa WLAN. Deste modo, as duas tecnologias não se substituem
mas tendem a complementar-se.
G/UMTS
Apesar dos sucessivos atrasos, originados por diversos factores
de ordem económica e tecnológica, as tecnologias 3G
(terceira geração) / UMTS (Universal Mobile Telecommunications
Systems) estão agora a começar a oferecer tecnologias
e serviços de banda larga. Através de uma gama definida
de microondas, esta tecnologia disponibiliza acessos de alta velocidade
(telefone, paging, messaging, Internet, banda
larga) sem fios a longa distância, através de interfaces
aéreas tais como as redes GSM (Europa), TDMA e CDMA (América).
Fig. 3 - Acesso a
uma Rede 3G/UMTS
Atenda-se que as tecnologias móveis
tem flexibilizado o uso de muito programas arquitectónicos,
e incluso urbanos.
A denominação de “tele-actividades”
é uma das mais impactantes no modo como vivemos a cidade.
Reformular a relação das áreas de habitação,
comércio e serviços dentro da cidade, porque não
é necessária a deslocação física,
etc. (o que comporta benefícios como a poupança de
tempo, a menor poluição, a optimização,
etc) acarreta um impacto profundo.
Falar em Metapolis contemporânea pressupõe já
o reconhecimento tende uma identidade composta por uma camada física
e outra virtual. De resto, tal é já uma realidade
não é utópica, e já existe na realidade,
existindo pontos de comunicação, como refere o arquitecto
Suzuki, entre os dois layers - o real e o virtual. São
os chamados hotspots.
Obviamente que relativamente às
tecnologias móveis, a concretização de promessas
esperadas na vida urbana quotidiana requer o desenvolvimento de
tecnologias com maior capacidade.
A exponenciação do
seu uso na realidade urbana, obviamente comportará sobrecarga
de determinadas frequências. (Incluso verifica-se já
uma luta pelo domínio de algumas).
Por outro lado, toda a cidade esta
infraestruturada com redes antigas, sendo necessário pensar
soluções que permitam a compatibilização
de novas descobertas e tecnologias com o existente.
É certo que a tecnologia
do wi-max poderá ter o beneficio de a nível urbano
assegurando o funcionamneto da Metapolis contemporânea que
é tanto imensa e policentrica como fragmentada. Castells
refere a desigualdade de uma cidade “dual “ e esta tecnologia
pode aproximar o espaço da urbe (fisico) ao espaço
da “polis” (político) ao contribuir para a atenuação
de desigualdades.
Também é importante
entender uma complementarização de uso de várias
tecnologias, porque a nossa vida na Metapolis contemporânea
é dialéctica entre momentos estáticos e cada
vez mais nomádicos: trabalho em casa e divirto-me no carro,
etc. Fazendo-o ocorre a ligação sequencial de espaços
muitos distintos (privados, públicos, etc.) que percorremos
ao longo do dia.
Em suma, as tecnologias de terceira
geração são agora uma realidade e exponenciaram
a comunicação móvel que a cidade necessita
e nos requisita como seus habitantes.
SMS
Referir ainda a SMS, que é é a abreviatura de Short
Message Service, Serviço de Mensagens Curtas, hoje omnipresente
no quotidiano de qualquer habitante urbano. Este serviço
é utilizado em telefones celulares, faxes e pode ser também
utilizado através de endereços IP (por exemplo, quando
enviamos um SMS do nosso PC para um telefone celular) para enviar
e receber mensagens de texto, não podendo exceder os 160
caracteres.
Fig. 4 – Transmissão
de mensagens SMS
Inicialmente pouco usada aquando
o aparecimento em telefones celulares, tornou-se um importante meio
de comunicação. Simples, rápido e conciso,
é uma tecnologia utilizada em larga escala por camadas mais
jovens mas é também usada na generalidade dos utilizadores.
É comum, em datas importantes, como o Natal e Ano Novo, atingirem-se
todos os anos picos de utilização de mensagens escritas.
Os SMS tornaram-se de facto em algo
omnipresente sendo interessante o modo como tem sido usado não
só para comunicações breves no contexto urbano
até situações mais sérias como organizar
manifestações, etc. (como recentemente na manifestação
contra a indigitação do Primeiro-Ministro da República
Portuguesa Dr. Santana Lopes)
Nota conclusiva
Como conclusão, cremos que percorrendo este conjuntos de
relações e modelos de novas tecnologias móveis,
podemos conceber um novo modelo de comunicação móvel
que esteja mais de acordo com o tipo de espaço urbano que
historicamente se vem confirmando com os estilos de vida urbana
emergentes contemporâneos, e incluso metaforicamente com o
tipo de pensamento rizomático que a Filosofia hoje ambiciona.
Gonçalo
Furtado
Arqº, FAUP
Miguel Oliveira
Engº DET/UA |