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Por Adriana Amaral y Claudia
de Quadros
Número
53
Resumo
Os blogs, que causam impacto nas rotinas produtivas
do jornalismo, têm incitado, em seu processo
comunicacional, o envio de impropérios.
Essas mensagens, normalmente, são anônimas
e o dono do blog chega a mudar de endereço
ou até mesmo fechar as portas do seu próprio
veículo de comunicação.
Neste trabalho, são abordadas algumas
dessas experiências. O objetivo é
analisar como se dá esse processo comunicacional
nos blogs com base no jornalismo cor-de-rosa.
De anônimo a “celebridade”,
o blogueiro enfrenta situações
similares às passadas por famosos que
supostamente se vêem perseguidos pela imprensa.
Fazem parte da metodologia desse estudo, entrevistas
estruturadas com blogueiros.
Resumen
Los blogs, que provocan impacto en las rutinas
productivas del periodismo, tienen incitado,
en su proceso comunicacional, el envio de improperios.
Los mensajes, normalmente, son anonimos y el
dueño del blog es obligado a mudar de
dirección o cerrar las puertas de su propio
vehículo de comunicación. En esto
trabajo son apuntadas algunas de esas experiencias.
El objetivo es analizar como ocurre el proceso
comunicacional en los blogs con base en el periodismo
rosa. De anonimo a “celebridad”,
el bloguero enfrenta situaciones similares a
de los famosos que supuestamente son perseguidos
por la prensa. Forman parte de la metodología
de esto estudio, las entrevistas estructuradas
con blogueros.
Introdução
Os blogs, que proliferam na rede mundial de computadores
desde 1997, são considerados um fenômeno
de comunicação1.
Transformaram relações, causaram
impacto no jornalismo e, recentemente, tornaram-se
objetos de estudo em várias áreas.
Neste artigo, apresentamos os primeiros resultados
de uma pesquisa realizada com blogueiros que
recebem mensagens ofensivas enviadas por pessoas
anônimas, denominadas no ciberespaço
de stalkers2
ou trolls3.
O principal objetivo deste estudo é analisar
a dinâmica de um processo, que, apesar
de ocorrer no mundo virtual e incidir no real,
reproduz muitas das características materiais
há muito inseridas nos meios de comunicação
convencionais.
Nesse sentido,
o estudo tomou como base o jornalismo cor-de-rosa,
também conhecido entre os espanhóis
como prensa rosa ou prensa del corazón,
e procurou associá-lo aos blogs de pessoas
comuns que se tornam “celebridades”
na rede das redes. “Os novos mecanismos
de construção e consumo identitário
encenam uma espetacularização do
eu que visa ao reconhecimento nos olhos do outro
e, sobretudo, ao cobiçado fato de ‘ser
visto’” (Sibilia, 2003).
O estudo também
enfoca a subjetividade de forma polifônica
(Bakhtine apud Guattari, 1998), seguindo assim
a recomendação de Felix Guattari
para não reduzir esses novos “(...)
fatos sociais a mecanismos psicológicos.”(Guattari,
1998,14) Se pensarmos a subjetividade contemporânea
na cibercultura como experiência do espetáculo
– na noção debordiana do
termo – temos uma espécie de comodificação
do sujeito. “A experiência da subjetividade
não é universal. Assim como surgiu
com o estado de informação e a
economia comodificada, o sujeito pode desaparecer
com a superação dessas abstrações
limitadas e parciais. (Wark, 2004, §275)
A investigação
em tela foi dividida em cinco etapas: 1ª)
escolha do tema e discussão da hipótese
de que os blogueiros sofrem agruras semelhantes
às passadas por famosos que supostamente
se vêem mal interpretados pela imprensa
que pratica o jornalismo cor-de-rosa. 2ª)
Envio, por e-mail, de questionários para
blogueiros com o objetivo de selecionar entrevistados
que recebem posts anônimos e sondar as
preferências desses usuários que
também produzem conteúdo para a
Internet. 3ª) Seleção dos
blogueiros para a entrevista com roteiro estruturado,
seguindo o critério de classificação
para esse estudo: a) blogueiros que já
fecharam blogs e ainda recebem posts anônimos
no atual diário virtual; e b) recebem
posts anônimos. 4ª) Entrevista com
roteiro estruturado a partir do questionário
enviado na segunda etapa. 5ª) Análise
do material coletado.
Os questionários
da segunda etapa foram enviados para uma lista
de pessoas, das mais variadas profissões
(jornalista, publicitário, analista de
sistemas, funcionário público,
estudante etc.), que mantém blogs. Quem
recebeu esse questionário também
pôde encaminhá-lo aos blogueiros
que enfrentam as agruras da blogosfera. Nesse
sentido, optou-se em perder o controle do número
de questionários enviados em benefício
das respostas. Dos 15 questionários respondidos
na segunda etapa, foram selecionados oito blogueiros
para a entrevista realizada na quarta etapa,
em janeiro de 2006. De acordo com a classificação
explicada anteriormente, quatro deles ficaram
na categoria A (fecharam blogs e recebem posts
anônimos no atual diário virtual)
e quatro na categoria B (recebem posts anônimos).
Um entrevistado de cada categoria não
respondeu ao segundo questionário.
Todos os entrevistados
têm nível superior completo ou incompleto,
são brasileiros e vivem em diferentes
regiões do Brasil ou em outros países.
Cientes de que essa segmentação
limita o universo pesquisado e, conseqüentemente,
interfere no resultado final, pesquisas com outros
segmentos deverão ser realizadas. Entendemos
que é necessário investigar diferentes
representações até, como
propõem Bauer e Aarts, “que a inclusão
de novos estratos não acrescente mais
nada de novo” (2002, 59). Vale ressaltar
que, quando necessário, os nomes e os
endereços dos blogs analisados serão
divulgados com a permissão dos entrevistados.
Os resultados
parciais são aqui apresentados com a intenção
de despertar a atenção para os
stalkers, que têm obrigado donos de blogs
a tomar diversas atitudes que vão de um
simples “deletar” de um comentário
até a retirada do diário virtual
da Internet. O primeiro blog político
brasileiro, do jornalista Ricardo Noblat, recebe
comentários anônimos todos os dias.
Noblat precisou criar algumas normas, chegando
a censurar alguns posts em junho de 2005 (Quadros
et. al., 2005, 10) e, em julho de do mesmo ano,
teve de impedi-los temporariamente (Quadros,
2005: 11). Em 17 de janeiro de 2006, o jornalista
desabafa:
Não
são todos vocês que estão
estragando o blog. Mas alguns de vocês
estão tentando estragar, sim, de propósito
ou não. E digo com a maior sinceridade:
se eu me convencer que será impossível
preservar o blog, desistirei dele. Digo isso
sem drama, sem querer fazer número. Blog,
do jeito que este é, consome quase todo
o tempo do seu titular. Não faço
outra coisa. Tenho que pelo menos sentir muito
prazer com o que faço. E já senti
mais. É muito cansativo ficar pedindo
respeito ao meu trabalho, deletando comentários,
repetindo regras. (Noblat, 2006)
Este trabalho,
no entanto, versa sobre os blogueiros que, de
certa forma, ganham notoriedade na rede das redes.
Nenhum dos blogueiros analisados mantém
blogs exclusivamente informativos, alguns estão
bem distantes das atuais narrativas jornalísticas.
A maioria reconhece que o blog de cada um deles
tem um traço bem pessoal. Dessa forma,
permeiam esse artigo questões, como: vale
a pena suportar essas mensagens anônimas
e manter um diário virtual na rede? Qual
é o principal objetivo desses blogueiros?
Em que medida esse conflito provocado entre blogueiros
e trolls pode interferir no mecanismo de produção
da blogosfera? Esse é realmente um novo
problema enfrentado pelos blogueiros ou apenas
um velho dilema que ganha novas dimensões
com os avanços tecnológicos? De
que maneira os blogueiros lidam com os comentários
maldosos e seriam essas maneiras um novo protocolo
de comunicação na rede?
A blogosfera
é rosa?
Ao partir da hipótese que esses blogueiros
enfrentam conflitos semelhantes aos enfrentados
por artistas e/ou pessoas que ganham notoriedade,
aqui relacionamos a cobertura da prensa rosa
e os comentários anônimos enviados
aos blogs. Ressaltamos que essa comparação
surge da necessidade de analisar esse fenômeno
crescente. Mas, por que relacionar esse fenômeno
ao jornalismo cor-de-rosa? Antes da resposta,
destacamos que a prensa del corazón desvela
o cotidiano de celebridades e segue critérios
diferentes ao jornalismo tradicional ao julgar
o que é uma notícia4.
A questão não é apontar
problemas desse fenômeno, como sugere,
num primeiro momento, o título provocativo
deste trabalho: “Agruras do blog: jornalismo
cor-de-rosa no ciberespaço?”
Também
tem a intenção, eis a resposta,
de demonstrar que nem tudo é totalmente
novo na blogosfera sob o aspecto comunicacional.
Neste momento, vive-se entre o mundo real e o
virtual. Durante a transposição
para a esfera digital ficam marcas registradas
de experiências vivenciadas anteriormente
por muitas gerações. Nesse sentido,
o processo de produção do jornalismo
cor-de-rosa é usado como um exemplo com
fim comparativo para a análise de blogs
pessoais. Briggs e Burke recordam que o ciberespaço
não é guardado por porteiros e
permite fazer uma leitura sem censura, mas “não
pode escapar de associações históricas.”(2004,325)
Os blogs pesquisados
não são de celebridades, apesar
da notoriedade conquistada por alguns blogueiros
após o uso dessa forma de comunicação.
Na maioria das vezes, estão centrados
no eu e discorrem sobre o cotidiano de seus donos
e/ou sobre os fatos que despertam o interesse
deles. Assim como nas revistas que praticam o
jornalismo cor-de-rosa, os blogueiros também
seguem critérios próprios para
a divulgação de um fato.
Ainda são
utilizadas estratégias semelhantes ao
da prensa rosa para atrair mais leitores/usuários,
como a “espetacularização
do eu”, a exibição de celebridades,
a polêmica – também utilizada
por outros gêneros – e a especulação
que a torna a popular abelhuda. Uma estudante
de jornalismo, entrevistada para a pesquisa em
tela, destaca que não se pode generalizar
quando questionada se percebe alguma relação
entre o jornalismo cor-de-rosa e os comentários
anônimos enviados aos blogs. Na sua opinião,
há quem aproveite os comentários
maldosos dos blogs para a aumentar a popularidade.
“Muita gente faz isso. É uma autopromoção
as custas de quem se presta a deixar um comentário
maldoso”.(estudante de jornalismo, 2006).
Uma outra entrevistada, que optou em retirar
o sistema de comentários, também
acredita nessa relação, enfatizando
que não tem pretensão alguma em
ser uma celebridade virtual e instantânea.
“Mas seria o tipo de coisa inerente a quem
precisa, a qualquer custo, chamar a atenção
para si”.(empresária, 2006). Outra
ainda remete as mensagens sobre insinuações
amorosas entre blogueiros ao jornalismo cor-de-rosa.
“No sentido que alguns trolls insinuam
romances entre blogueiros, sim. (funcionária
pública, 2006).
Mas o que foi
expresso pelas entrevistadas seria realmente
jornalismo cor-de-rosa? Em parte sim. Esse gênero
jornalístico, que ganha cada vez mais
adeptos no mercado editorial, tem ainda poucos
estudos sobre o fenômeno. As opiniões,
no entanto, se dividem nos mais tradicionais
que acreditam que a mídia do entretenimento
é consumida por cidadãos passivos
e influenciáveis e, mais recentemente,
naqueles que acreditam nesse formato mediático
como um fórum de discussão e negociação
de valores da sociedade (Gravan, 2004).
Kurtz (1993)
critica a imprensa norte-americana, destacando
que é preciso diminuir o espaço
nos jornais que abordam o dia-a-dia de celebridades
e divulgar assuntos mais sérios. Baseado
em Kurtz, Marshall (2003a) acredita que o jornalismo
cor-de-rosa está atrelado à publicidade,
reconhecendo como um novo gênero que produz
uma espécie de produto jornalístico-publicitário.
“Os jornais cor-de-rosa, o jornalismo cor-de-rosa,
a notícia cor-de-rosa, os jornalistas
cor-de-rosa são aqueles que trabalham
para favorecer os interesses e as necessidades
do mercado”.(Marshall, 2003b). Meyer (2004)
entende que vivemos num período em que
é difícil delimitar a fronteira
entre jornalismo e entretenimento, recomendando
uma maior participação da comunidade
na produção dos meios de comunicação.
Para ele, essa prescrição aumenta
a credibilidade e ainda coloca em prática
a influência da sociedade. Sugere ainda
que o mercado faça um plano de negócios
coerente com as transformações
provocadas pela tecnologia, pois muitos empresários
da comunicação e jornalistas estão
presos às estratégias do passado.
Amaral (2005) pede menos preconceito com os produtos
mediáticos populares, inclusive com os
que fazem exposição de celebridades.
Esses produtos
exemplificam uma conexão com o mundo
da maioria da população que deve
ser investigada para que possamos aprender com
ela e transcendê-la para a construção
de um jornalismo popular de qualidade que interesse
a esse público.
Gravan (2004)
comprova, em uma pesquisa pioneira sobre narrativas
populares, que espanhóis e ingleses, de
diferentes condições socioeconómicas,
usam as histórias de famosos para debater
temas que os preocupam. Recorre a diversos teóricos
que defendem a importância desses formatos
mediáticos para a formação
de códigos sociais e políticos
de uma sociedade, como López e Potter
(2001), Jordan e Morgan Tamosunas (2000), Curran
(1991) e O`Donnell (2003)5.
Gravan acredita que a prensa del corazón
joga um papel muito importante na configuração
de um espaço público.
Junto à
esfera pública política de hoje
em dia, está a esfera pública
popular, que não serve somente para “treinar”
a capacidade crítica necessária
para exercer como cidadão de uma democracia,
mas também serve como um fórum
onde se negocia comportamentos e modos de atuação
legítimos e quais são os ilegítimos
com relação às questões
como o trabalho, a vida a dois etc. (Gravan,
2004,72)
Nesse sentido, argumentamos que a prensa rosa,
muito antes da Internet, rompeu com critérios
utilizados no jornalismo tradicional, encontrando
na exibição de celebridades uma
forma de despertar o interesse do leitor. Na
Espanha, onde esse gênero é bastante
difundido, a revista Hola!, de 1944, é
considerada a pioneira (Gravan, 2004). Vale ressaltar,
no entanto, que a prensa rosa também sofre
influências de outros processos mediáticos.
Já na Idade Média a taberna era
“um centro importante de troca de informações
e boatos”, como destacam Briggs e Burke
(2004,86). É evidente que, também
por uma questão epistemológica,
torna-se sempre necessário rever posições
frente às novas condições
históricas.
Nos blogs, os
posts enviados aos seus donos demonstram que
as pessoas têm interesses nos relatos do
cotidiano e estes, muitas vezes, provocam até
mensagens de impropérios. A “celebridade”
aqui é o dono do blog, que passa a ganhar
notoriedade por suas idéias. Durante o
primeiro questionário enviado aos blogueiros,
três deles voluntariamente responderam
que gostam de acompanhar o cotidiano de pessoas
comuns com algo interessante a dizer. A partir
de amenidades ou pontos de vista sobre determinado
tema ou notícia, surgem comentários
diversos, como de apoio, discordantes e ofensivos.
A pluralidade de vozes, no entanto, também
o torna um espaço de debates que exige
maior vigilância do dono do blog. E “(...)
a vigilância informacional e eletrônica
não pretende tanto agir sobre a interioridade
e reformar a alma dos indivíduos, mas
sobre o controle dos comportamentos, de modo
a prevenir ações indesejadas. A
autovigilância torna-se prioritariamente
autocontrole.” (Bruno, 2005)
Por trás
de histórias de famosos publicadas no
jornalismo cor-de-rosa, não há
apenas boas intenções para tornar
o espaço mediático em uma esfera
pública. Existem uma série de critérios
questionáveis do ponto de vista ético,
que não passam despercebidos do público-alvo.
Gravan (2004) aponta que muitos dos entrevistados
em sua pesquisa, por exemplo, reclamaram de famosos
que vendem matérias exclusivas para a
prensa del corazón. Nos meios que adotam
esse gênero, o jogo entre fonte e produtor
da informação, às vezes,
ultrapassa os limites considerados éticos
no jornalismo. Nesse sentido, produtores devassam
a vida de personalidades com a intenção
primeira de conquistar mais audiência,
sem medir esforços. Uma prova disso é
o grande número de casos que acabam nos
tribunais quando a fonte julga-se prejudicada.
Por outro lado, há muitas celebridades,
sobretudo as instantâneas e, presumidamente
passageiras, que fazem de tudo para vencer a
barreira surgida com a crise da visibilidade
provocada pelo excesso de informação.
O importante é manter-se em pauta, não
importa como. Para isso, divulgam factóides.
Neste jogo de produtor e fonte, há perseguições,
sensacionalismo, ofensas e desejo de maior audiência.
O público, contudo, não tem muito
poder para divulgar o que pensa a respeito, pois
a sua opinião fica limitada às
cartas enviadas para os produtores que podem
ou não publicá-las.
No caso dos
blogs, a “celebridade” não
depende muito dos produtores dos meios de comunicação,
pois é ela quem gera o próprio
conteúdo. Ressaltamos, no entanto, que
os meios, como rádio, jornal, televisão
e Internet fazem parte do composto de comunicação
que ajudará a divulgar o endereço
de seu blog. Essa dependência com os meios
de comunicação convencionais, algumas
vezes, parece um círculo vicioso que possibilita
a criação de estratégias
pouco éticas para despertar a atenção
da imprensa e, assim, virar notícia.
Independente
de ser jornalismo cor-de-rosa ou não,
como destaca um de nossos entrevistados, “ética
é sempre ética” (jornalista,
2006). O blogueiro que não utiliza as
estratégias mencionadas anteriormente
e segue, na produção de suas mensagens,
um padrão considerado ético, não
está livre de vivenciar experiências
negativas. Ao dar liberdade aos seus leitores
na produção de comentários,
o blogueiro pode encontrar mensagens desagradáveis
e até ofensivas. Por conta disso, muitos
blogueiros aumentam a vigilância dos comentários
e acabam criando normas para controlar esse novo
espaço de discussão que pode apresentar
características da imprensa rosa ou até
marrom, dependendo da escolha do produtor e do
usuário.
Blogueiros
versus trolls: conflito entre subjetividades
comunicacionais
Pensamos no conflito de blogueiros versus
trolls como mais um fenômeno social da
subjetividade proporcionado pela tecnologia como
vetor de poderes, principalmente no que diz respeito
à informação. É a
partir desse conflito que pretendemos analisar
as diferentes situações que geram
a postagem de mensagens anônimas nos blogs.
Wark (2004) defende a liberdade dos meios de
produção como um desafio na construção
do conhecimento para a sociedade e no desejo
que eles geram na construção do
sujeito.
Os meios de
produção do desejo – os
vetores ao longo dos quais existe o fluxo de
mais valia imaterial de informação,
é o primeiro e o último ponto
no qual a luta para liberar a subjetividade
é empreendida. Qualquer imagem particular
do sujeito em revolta pode ser transformada
em uma imagem de um objeto a ser desejado (Wark,
2004: §296).
Essa subjetividade
pode ser vista nas próprias respostas
em relação às mudanças
que o blog proporcionou aos seus donos em sua
relação com o mundo. “Eu
vivo olhando em volta e pensando no que poderia
ser interessante para os leitores do blog! Se
fico muito tempo sem escrever, me sinto culpada”(publicitária,
2006). Ou mesmo em relação à
própria exposição da identidade
do blogueiro, que pode ser completamente distinta
do corpo físico do autor do blog, sendo
composta apenas por informação
(Donath, 1999).
Talvez resida
na própria informação publicada,
um dos propulsores do conflito e da polêmica
entre blogueiros e comentadores anônimos,
pois além da questão do incômodo
ressentido pela exposição e autopromoção
da persona blogueira, o troll também se
sinta afetado pelas opiniões e informações
divulgadas ali, como afirma uma das entrevistadas:
“Saber o que você tem, pensa e fala
que incomoda o senso comum e mexe com alguém
a ponto de fazê-la perder tempo xingando
anonimamente”. (publicitária, 2006).
Para Recuero
(2004) manifestações como as do
cyberstalkers ajudam na compreensão da
subjetividade no ciberespaço, uma vez
que o blog pode servir como uma extensão
do próprio blogueiro.
Ora, aqui percebe-se
a relação do “eu”
do blogueiro e o blog. Trata-se de um espaço
apropriado no ciberespaço, do que é
“meu”. Trata-se ainda de uma espécie
de apropriação global, refazendo
a rede de fluxos individuais e coletivos. Os
blogs podem constituir-se, na forma mais utilizada,
hoje em dia, de construção de
um “eu” no ciberespaço (Recuero,
2004,04).
A fim de entendermos
melhor as subjetividades envolvidas nesse conflito
(e que serão mais amplamente discutidas
em pesquisas posteriores), precisamos, rever
onde ele se originou, analisar um pouco mais
detalhadamente a figura do troll – uma
vez que a figura do blogueiro já possui
alguns estudos como Bruno (2005), Sibilia (2003),
Recuero (2004) entre outros - quais seus protocolos
de comunicação e que estratégias
são utilizadas no combate diário
entre ambas as partes.
A história
dos trolls e o distúrbio na comunidade
blogueira
A terminologia troll começou a ser utilizada
a partir de fóruns e listas de discussões
nos primórdios da Internet e o termo foi
baseado no troll do folclore escandinavo, um
ser horrendo e anti-social que aparece nos contos
infantis. A primeira referência à
palavra troll no contexto de anonimato na rede
pode ser encontrado no Arquivo da Google Usenet
e foi empregado pelo usuário “Mark
Miller”, em 08 de fevereiro de 19906.
Ainda de acordo
com a Wikipedia, os trolls criaram uma cultura
– que teve início juntamente com
a rede – e até mesmo uma subcultura7,
por existirem diversos grupos que se organizam
coletivamente8
para incentivarem a prática de trolling
e flaming9
através do que eles chamam de “anarquização”
da rede.
O atributo
definidor das ‘subculturas’, então,
reside na maneira como a ênfase é
colocada na distinção entre um
grupo cultural/social particular e uma cultura/sociedade
mais ampla. A ênfase é na variação
de uma coletividade maior que é invariavelmente,
mas não sem problemas, posicionada como
normal, mediana e dominante. Subculturas, em
outras palavras, são condenadas a e/ou
desfrutarem uma consciência da ‘alteridade’
ou diferença (Gelder e Thornton, 1997,
05).
As diferentes
mídias da Internet recebem ataques de
trolls, embora o comportamento deles seja relativamente
semelhante. Eles postam mensagens agressivas
que variam entre a ironia e o humor até
ameaças à integridade dos participantes
e insultos, especulações a respeito
da vida pessoal, palavrões etc. Listas
de discussão, sites de fonte aberta, Wikis,
IRCs, Fóruns, jogos online e Weblogs são
visitados e “anarquizados” por trolls
que se usam do poder da mensagem e da troca de
idéias com o objetivo de disseminarem
impropérios para outros membros de uma
determinada comunidade ou webring (Recuero, 2004).
Os weblogs, no entanto, parecem ser a mídia
mais propícia e atraente para os trolls.
Na sua forma
mais comum, através da caixa de comentários
pessoal com a habilidade para que qualquer um
comente, weblogs populares freqüentemente
criam trampolins efetivos para os trolls, seja
através de comentários inflamados
ou entradas provocativas. A facilidade com a
qual weblogs podem ser linkados encoraja a propagação
dos trolls. (http://en.wikipedia.org/wiki/Internet_troll).
Justamente
por seu incentivo ao diálogo através
da caixa de comentários e pelas tensões10
nele contidas (seja pelo conteúdo de mensagens
polêmicas, opiniões contrárias
a um consenso geral, características e
posts pessoais envolvendo a vida do blogueiro
– de ordem moral, por exemplo).
Os trolls constituem
tanto uma persona que causa distúrbio
às relações sociais como
podem, a partir de suas acusações,
gerar debates que garantem a participação
de um maior número de participantes, assim
como podem atrair ainda mais trolls, como foi
o caso do post a respeito desta pesquisa no blog
de uma das entrevistadas. Quando questionada
a respeito das mensagens que mais atraíam
trolls em seu blog, a entrevistada respondeu
que além dos posts de cunho político,
“o post sobre a pesquisa de vocês
sobre os trolls atraíram vários
trolls novos que vestiram a carapuça direitinho!
(Leila, 2006)” O post é do dia 03
de janeiro de 2006 e se chama Trolls de blogs
viram tema de pesquisa acadêmica11.
Contou com 38 comentários, sendo quatro
de supostos trolls. Esse tipo de atitude acabou
gerando um protocolo na Internet, principalmente
divulgado em listas de discussões norte-americanas,
que se chama DNFTT - Do not feed the trolls (não
alimente os trolls). Este protocolo que é
utilizado no cabeçalho ou assunto da mensagem
– e, às vezes, no corpo do texto
– serve de lembrete comunicacional para
que mais conflitos não sejam gerados,
ou seja, tentar ignorar ao máximo os anônimos
a fim de preservar a integridade da comunidade.
Nesse sentido,
a estratégia de ignorar o comentário
anônimo, por parte do blogueiro, pode,
muitas vezes, servir para não criar mais
polêmica em torno da questão e não
dar subsídios para um prolongamento de
insultos. Contudo, nem sempre isso dá
o resultado esperado. De acordo com Donath (1999,
45) o troll entra em um jogo de identidade com
o blogueiro, tentando legitimar a sua participação
na troca de idéias:
Trolling é
um jogo sobre decepção da identidade,
embora seja jogado sem o consentimento da maioria
dos jogadores. O troll tenta passar por um participante
legítimo, compartilhando os interesses
e preocupações comuns ao grupo;
se os membros de listas estão informados
sobre os trolls e outras decepções
de identidade, eles tentam distinguir posts
verdadeiros de trolling, e sob o julgamento
de um postador anônimo tentam fazer o
postador ofensivo abandonar o grupo (Donath,
1999, 04)
Ação
e reação dos blogueiros
Parte dos resultados das entrevistas realizadas
para esta pesquisa aqui são divididos
nas duas categorias já mencionadas: Categoria
A (blogueiros que já fecharam blogs e
ainda recebem posts anônimos no atual diário
virtual) e Categoria B (recebem posts anônimos),
com intuito de observar quais são as estratégias
utilizadas para evitar a ação de
trolls, como é o olhar dos blogueiros
para os trolls, de que forma os comentários
os afetam e perceber se os trolls já causaram
algum dano grave. Vale ressaltar que os entrevistados
possuem blogs que foram criados há quatro,
três e dois anos. Desse modo, todos eles
vivenciaram conflitos e aprenderam na própria
rede a lidar com os comentários de trolls.
A maioria estreou na blogosfera por influência
de um amigo que mantinha blog, apenas um dos
entrevistados disse que o seu servidor, no momento
do contrato, oferecia espaço para o usuário
abrigar até cinco blogs e, assim, decidiu
criar um. Todos os blogs são pessoais
e muitos deles contam com o apoio de um amigo
no momento de combater um troll.
Logo abaixo
da tabela registramos alguns dos depoimentos
dos entrevistados para facilitar a compreensão
do leitor sobre este trabalho. Os depoimentos,
entremeados por pontos de vista das autoras e
outros pesquisadores, sinalizam a importância
de estudar os processos de mediação
– origem e evolução –
no ciberespaço.
. |
CATEGORIA
A |
CATEGORIA
B |
Estratégias
de Combate |
• Identificação
de IP
• Sistema de moderação
prévia
• Indiferença
• Deletar a mensagem
• Responder à altura
|
• Responder
com comentários
• Indiferença
• Bloquear IP´s
• Retirar sistema de comentários
• Humilhar o troll
• Ridicularizar o troll
• Desmentir o troll
• Apoio de outros leitores
• Moderação de comentários |
Trolls no
olhar blogueiro |
• Provocadores
de tristeza
• Divertidos
• Incômodos
• Irritantes
|
• Covardes
• Preocupantes
• Divertidos
• Incômodos |
Trolls afetam
quando... |
• Não
afetam, são uma vitamina
• Recebo ameaças pessoais
• Percebo que sabem muito de mim
• Fazem ameaças físicas
• Descobrem meu telefone
|
• Fazem
ofensas pessoais
• Colocam minha reputação
em jogo |
Danos graves |
• Nenhum
dano grave |
• Passar
noites chorando
• Medo da repercussão dos comments
• Apenas irritação passageira
• Nenhum dano grave |
Amaral
e Quadros, 2006. Tabela (1). Ação
e reação dos blogueiros.
No jogo de gato
e rato entre blogueiros e postadores anônimos
diversas estratégias são efetuadas
– de ambas as partes – a fim de estabelecer
um protocolo comunicacional que funcione para
o blog. Os blogueiros protegem-se através
do controle das mensagens, ignorando-as, respondendo-as
em posts ou em comentários, deletando-as;
utilizando ferramentas de moderação
prévia e, finalmente, ou abolindo o sistema
de comentários, o que exclui as outras
vozes do discurso, ou nos casos mais extremos,
fechando aquele blog e muitas vezes criando um
novo endereço com uma nova identidade,
conforme responde uma das entrevistadas que tomou
uma série de medidas e optou pela exclusão
da ferramenta de comentários.
No princípio
respondia como comentários ou por meio
de algum post, depois decidi parar de incentivar
essas atitudes e demonstrar indiferença,
como não funcionou, bloqueei ip's até
que, finalmente, retirei o sistema de comentários
(administradora de empresas, 2006).
Já uma
outra, fala da opção da estratégia
de deletar os comentários:
Depende do
meu humor, tem dias que leio e não dou
a mínima, tem dias que leio e deleto
imediatamente para não ter o desprazer
de ler de novo e tem vezes que respondo à
altura. Pela minha experiência, a melhor
opção é deletar (garota
de programa, 2006).
Por outro lado,
os trolls “se alimentam” de discussões
geradas a partir dos seus comentários
ofensivos, causando conflito na comunidade blogueira.
Como nos diz Donath (1999), o ataque do troll
atenta para questões de ordem identitária,
na tentativa de atingir o “eu” blogueiro.
“O sucesso deles depende de quão
bem eles – e o troll – compreendem
as pistas de identidade; o sucesso deles depende
se o desfrute do troll é suficientemente
diminuído ou contrabalançado pelos
custos impostos ao grupo.” (Donath, 1999,
45)
Na resposta
de uma outra entrevistada, encontramos uma pista
do comportamento – que pode se desdobrar
em algumas outras considerações
futuras - e da estratégia do troll ao
lançar um flaming em um weblog pessoal.
É importante salientar que a maioria dos
blogueiros entrevistados na pesquisa classifica
o seu blog como pessoal, embora alguns possuam
toques mais jornalísticos.
Há uma
natureza de ataque pessoal agressivo e gratuito
em muitos desses postadores anônimos,
que parecem muito incomodados em ver os demais
leitores te elogiando. Em muitos casos, eles
colocam comentários pinçando alguma
informação que você colocou
sobre sua vida pessoal há bastante tempo,
e eles parecem guardar aquilo para usar contra
você mais tarde (grifo das autoras). “(funcionária
pública, 2006)
No eterno combate
entre postadores anônimos e blogueiros,
as ferramentas tecnológicas de controle
também auxiliam na mediação
prévia dos comentários. No caso
do Blogger.com (http://www.blogger.com),
por exemplo, que possui um sistema de comentários
gratuitos, existe a opção de não
deixar anônimos comentarem, a não
ser que eles completem seu cadastro no site.
O cadastro afugenta os menos persistentes, mas
mesmo assim permite voz aos mais obsessivos.
Uma ferramenta mais eficiente, utilizada inclusive
por uma das entrevistadas é o comentar.com.br,
que permite que o comentário chegue primeiro
à caixa de e-mail do blogueiro, para que
ele libere ou não a publicação
da mensagem, com um custo de R$14,90 por semestre.
Na configuração de um novo fenômeno
de comunicação são necessárias
ferramentas tecnológicas para dar conta
dessas perspectivas de conflito, que de certa
forma, conduz as relações sociais
na rede – assim como na vida offline (Turkle,
1995) , tanto que, apesar de já terem
enfrentado diversas situações,
nenhum dos blogueiros entrevistados diz pretender
desistir de blogar em função dos
ataques, como afirma uma estudante de jornalismo:
“agora só me dá força
pra continuar a ser blogueira. Encaro como uma
vitamina”.
Quando a maioria
desses entrevistados criou um diário virtual
já havia uma série de conflitos
registrados entre trolls e blogueiros. Observar
as estratégias utilizadas por blogueiros
mais experientes para combater um troll pode
ser um caminho para evitar conflitos, mas, por
conta das características de cada blogueiro
e das dos trolls atraídos, as vivências
são únicas. Apesar de muitos dos
entrevistados destacarem que tratam com indiferença
os comentários anônimos, eles dizem
que, de alguma forma, sofrem com os trolls.
Alguns atingiram,
principalmente aqueles em que me chamavam de
'burra' (foi quando tive que explicar brevemente
sobre carga tributário porque o desocupado
achou que eu não entedia o motivo de
um ipod ser absurdamente caro no Brasil) ou
ignorante. (administradora de empresas, 2006)
Nenhum dos entrevistados
diz ter sofrido danos graves causados pelos trolls.
No entanto, pela lista de estratégias
de combate disposta na tabela (1) é possível
concluir que a maior parte das vezes eles não
são bem-vindos. Ainda que tratem o troll
com indiferença, destacam que eles, de
certa forma, os temem.
Não
sei dimensionar, mas por ser um blog de exposição
pública e grande visitação,
talvez algum tipo de difamação.
Daí a eterna dúvida entre responder
ou não. (jornalista, 2006)
A reação
às ofensas dos trolls, que provocam os
mais variados sentimentos (consultar tabela 1),
também ganha o apoio de leitores da blogosfera
e, na maior parte das vezes, o blogueiro desconfia
da identidade do troll.
Eu começo
respondendo na caixa de comentários,
de forma que ele fique humilhado e ridicularizado,
e desmentindo a teoria dele se for o caso. Também
rola muito de outros leitores virem me defender
e ajudar a escorraçar o troll. Só
teve uma vez que o cabra (Alexandre) voltou
várias vezes, e o que me fez bani-lo
não foi tanto eu me incomodar com as
sandices dele, mas achar que ele estava tornando
a caixa de comentários uma coisa enfadonha,
que poderia espantar outros leitores. Então
eu o bani mais para manter a dinâmica
rápida e alto astral do blog. (funcionária
pública, 2006)
Algumas considerações
Os resultados aqui demonstrados não são
conclusivos, há necessidade de aprofundar
estudos relacionados a blogosfera: mediação,
ação de trolls, poderes e saberes.
Afinal, como destaca Parente (2004,96), “os
poderes e os saberes suscitam resistências.
O que resiste é uma força que em
vez de afetar e ser afetada por outras forças
vai se auto-afetar”.
Alguns dos resultados
parciais apresentados neste trabalho apontam
que a hipótese, em parte, está
certa. Muitos dos conflitos registrados na prensa
rosa também são observados entre
os vividos pelos blogueiros. Mas, a blogosfera
tem outras características de seu entorno.
É rosa e apresenta muito mais tons. Neste
sentido, nos próximos trabalhos, destacaremos
o cruzamento das entrevistas com o conteúdo
dos blogs.
Durante a pesquisa,
no entanto, sentimos a necessidade de conhecer
outros estudos sobre o jornalismo cor-de-rosa.
Ainda são raros e, muitas vezes, sofrem
influência da escola frankfurtiana. É
também importante rever conceitos para
pensar e estudar de acordo com os novos tempos.
Uma outra necessidade
que deve ser pensada em futuros trabalhos trata
da perseguição feita pelos trolls
aos blogueiros. O bullying (“bully é
um indivíduo que tende a atormentar os
outros, tanto através de assédio
verbal e/ou arroubos físicos, ou através
de métodos mais sutis de coerção”,
bullying é o ato de praticar tais ações)
é um fenômeno comum, principalmente
na puberdade e na adolescência12
e tem sido pesquisado primordialmente no campo
da educação.
Com o surgimento
da Internet, o bullying migrou para ciberespaço
tendo agregado o prefixo cyber ao seu radical.
O cyberbullying ou bullying online é o
uso de informação eletrônica
e dispositivos de comunicação tais
como e-mails, mensageiros instantâneos
(msn, icq etc.) mensagens de texto, telefones
móveis, pagers e websites difamatórios
para praticar o bullying ou qualquer outro tipo
de assédio a um indivíduo ou grupo
através de ataques pessoais ou outros
meios, e pode constituir um crime computacional“.
De acordo com Torre (2005), o governo norte-americano
está investindo em uma campanha contra
o cyberbulling, principalmente após alguns
dados descobertos por uma pesquisa. Denominada
de Stop Bullyng now, a campanha está disponível
em (http://stopbullyingnow.hrsa.gov/index.asp?area=main)
O artigo faz
referência a um estudo da I- SAFE, onde,
em uma amostragem de 1500 alunos, 42% já
sofreram algum tipo de acosso eletrônico,
35% sofreram ameaças on-line e 21% por
meio de e-mail ou mensagens de celulares. (Torre,
2005)13.
Tais dados tornam-se
relevantes na relação blogueiros
versus trolls, no sentido de que merecem serem
levados em consideração devido
aos limites do assédio (as próprias
tentativas de legislação, regulação
e controle do ciberespaço) e suscita questões
éticas que podem ser encontradas nas mídias
convencionais, principalmente no que diz respeito
às questões do público versus
privado.
Notas:
1
Ver história dos blogs em Quadros, Claudia
et al. Blogs e as Transformações
no Jornalismo. Revista da E-Compos, agosto de
2005, disponível em <www.compos.com.br/e-compos>.
2 Na língua
inglesa, o termo stalker quer dizer perseguidor
e, em seu sentido mais apurado, “uma pessoa
que persegue secreta e obsessivamente alguém,
especialmente alguém famoso (grifo das
autoras), às vezes com intenções
fora da lei.” (Wikidictionary, disponível
em<http://en.wiktionary.org/wiki/stalker>.
Acesso 10/12/2005. Esse grifo nos indica uma
possível chave para a relação
comparativa entre weblogs pessoais com o jornalismo
cor-de-rosa, partindo do princípio que
talvez os stalkers considerem o blogueiro alguém
“famoso” por suas idéias,
pela exposição na rede.
3 Segundo a
Wikipedia: “Na terminologia da Internet,
um troll é uma pessoa que posta mensagens
ofensivas ou rudes em fóruns de discussões
online para gerar discussão ou incomodar
os participantes. Troll também pode significar
a mensagem em si mesma ou ser um verbo que significa
postar tais mensagens. Trolling também
é comumente usado para descrever a atividade”.
Disponível em <http://en.wikipedia.org/wiki/Internet_troll>.
Acesso 10/12/2005.
4 Novos tempos
exigem uma nova definição do que
é realmente notícia. O artigo “O
que é mesmo notícia?”, de
Raquel Paiva e Muniz Sodré, apresentado
no GT de Jornalismo da Compós, realizado
em 2005, em Niterói, propõe algumas
mudanças. O artigo está disponível
em <www.ufrgs.br/gtjornalismocompos/doc2005/munizsodreraquelpaiva2005.doc>.
Acesso: dez. de 2005.
5 Para consulta:
LOPEZ, Jose. POTTER, Garry. After Postmodernism:
An introduction to Critic Realism. London and
New York, The Alone Press, 2001; JORDAN, Barry
and MORGAN – TAMOSUNAS, Contemporary Spanish
Cultural Studies, London, Arnold, 2000; CURRAN,
James. Rethinking the Media as a Public Sphere
in Dahlgren, P and Sparks (Ed). Communication
and Citizenship: Journalism and the Public Sphere
in the New Media Age, London, Routledge, 1991.
6 Informações
obtidas através da Wikipedia, no termo
Internet Troll. Disponível em: <http://en.wikipedia.org/wiki/Internet_troll>.
Acesso 12/01/2006.
7 Alguns estudos
a respeito de subcultura à pós-subcultura
encontram-se em Hebdge (1979), Thornton (1996),
Gelder e Thornton (1997), Muggleton e Weinzerl
(2004) entre outros. Para uma compreensão
da trajetória do conceito ver FREIRE FILHO,
João. Das subculturas às pós-subculturas
juvenis; música, estilo e ativismo político.
In: Revista Contemporânea, Salvador, vol.
03, n.01, junho de 2005. Disponível em:
<http://www.contemporanea.poscom.ufba.br/6%20joaof%20j05w.pdf>
Acesso em 12/01/2005 .
8 Algumas organizações
de trolls são Trollkore (trolls do site
Slashdot), Bantowns (que ataca o site de blogs
LiveJournal) e a GNAA, Gay niggers association
of america (que reúne trolls que atacam
em vários websites).
9 Wikipedia:
“Flaming é o ato de postar mensagens
que são deliberadamente hostis e insultos,
usualmente no contexto social de um grupo de
discussão (geralmente na Internet). Disponível
em: <http://en.wikipedia.org/wiki/Flaming>.
Acesso em janeiro de 2006. DERY (1994) também
faz uma análise do discurso da cibercultura
a partir da troca de mensagens ofensivas nos
fóruns em seu livro chamado Flame Wars,
the discourse of cyberculture.
10 As noções
de conflito e cooperação são
descritas em PRIMO, Alex. Conflito e cooperação
entre relações mediadas por computador.
In: Revista Contemporânea, v. 03, junho
de 2005. Disponível em <http://www.contemporanea.poscom.ufba.br/2aprimo%20j05w.pdf>
Acesso em 20/12/2005.
11 O endereço
aqui reproduzido foi devidamente autorizado pela
autora do blog. Disponível em <http://www.verbeat.org/blogs/stuckinsac/arquivos/2006/01>.
Acesso em 04 jan. 2006.
12 O cinema
possui uma gama de filmes que apresentam o bullying,
em especial aqueles tratam do período
do nível médio (high school) e
das passagens da adolescência à
vida adulta (filmes da chamada teen-explotation
ou de coming of age). Um bom exemplo é
a comédia romântica Nunca fui beijada
(Never been kissed, EUA, Raja Gosnell, 1999),
mas há muitos outros, de vários
gêneros como o horror, Carrie, a estranha
(Carrie, EUA, Brian de Palma, 1976).
13 TORRE,
Anibal de la. Cyberbullying. Retirado do blog
do autor, post do dia 03/11/2005.. Disponível
em <http://www.adelat.org/index.php?title=cyber_bullying&more=1&c=1&tb=1&pb=1>.
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Dra.
Adriana Amaral
Professora do Mestrado em Comunicação
da Universidade Tuiuti do
Paraná, Brasil.
Dra.
Claudia Irene de Quadros
Professora do Mestrado em Comunicação
da Universidade Tuiuti do
Paraná, Brasil. |