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Por Carla Schwingel
Número
53
Resumo:
Este
artigo pretende demonstrar que as noções
do copyleft em relação à
propriedade intelectual e a sistemática
de produção do desenvolvimento
colaborativo são as origens da cultura
livre praticada para além das fronteiras
da Comunidade de Software Livre. Aponta a liberdade
dos direitos de propriedade intelectual praticados
pelas licenças aplicadas pelo Creative
Commons como um dos fatores diferenciadores propostos.
E apresenta a sistemática de produção
colaborativa como o outro fator diferenciador,
procurando esclarecer que mesmo tendo sido desenvolvida
pelo Movimento Open Source, foi apropriada pelo
Software Livre.
Resumen:
Este
artículo pretende demostrar que las nociones
de copyleft - en relación a la propiedad
intelectual y a la sistemática de producción
del desarrollo colaborativo - originan la cultura
libre practicada más allá de la
comunidad de Software Libre. El texto señala
la libertad de los derechos de propiedad intelectual
practicados por las licencias aplicadas por Creative
Commons como uno de los factores diferenciadores
que aquí se proponen. Y también
afirma que la sistemática de producción
colaborativa fue el otro factor diferenciador,
desarrollado por el movimiento Open Source y
luego apropiado por la comunidad Software Libre.
Movimentos como
o do Creative Commons; a produção
de forma aberta, como a praticada na Wikipedia
e no Wikityonary; e o jornalismo
de fonte aberta (journalism open source),
como o do Slash Dot e do Independent
Media Center, a produção e
veiculação de áudio do Podcasting,
a livre troca de arquivos das tecnologias ponto-a-ponto
(peer-to-peer), a forma diferenciada
de produção da economia solidária1
parecem ter expandido para além das ações
da Comunidade mundial de Software Livre (CSL)
o que se vem denominando de Cultura Livre. Mas
quais as origens destas ações?
E por que o termo livre?
Atualmente,
a Comunidade de Software Livre congrega vários
movimentos, porém de forma específica
somente poderiam ser reconhecidas como ações
de seus integrantes aquelas que envolvessem as
liberdades dos softwares, isto é, quando
houvesse um ataque por completo aos direitos
autorais das produções intelectuais,
conforme as licenças do Creative Commons
sugerem. Porque é na CSL que surgem as
garantias para que um programa desenvolvido de
forma colaborativa permaneça com o código
aberto para outros desenvolvedores o utilizarem,
já que seus integrantes compreendem o
código fonte como um bem cultural da humanidade.
Richard Stallman, fundador do Projeto GNU2
(1984) e da Free Software Foundation3
(1999), definiu as quatro liberdades essenciais
para manter um software livre.
1) a liberdade
de executar o programa, para qualquer propósito;
2) a liberdade de estudar como o programa funciona
e de adaptá-lo para quaisquer necessidades,
sendo que ter acesso ao código-fonte é
um pré-requisito;
3) a liberdade de redistribuir cópias
de modo a beneficiar outras pessoas;
4) a liberdade de aperfeiçoar o programa
e liberar os seus aperfeiçoamentos, de
modo que toda a comunidade se beneficie, aqui
ter a acesso ao código-fonte também
é um pré-requisito.
Portanto, para
a CSL, o livre advém da liberdade para
executar, adaptar, distribuir e modificar um
programa, sendo que ter acesso ao código-fonte
é proposto como o mesmo que poder estudar
uma equação matemática ou
aprender a língua de determinado país.
Copyleft:
a liberdade para a propriedade intelectual
Com base nesse conceito libertário de
software, houve a criação de uma
licença, a GNU GPL (General Public License)4
e a divulgação de uma brincadeira
com a idéia de copyright, o “esquerdo
de cópia” ou o “deixar copiar”
do copyleft. E foi justamente a partir
desta noção de copyleft que advogados,
artistas, músicos, escritores, videomakers,
estudantes começaram a contestar a aplicabilidade
legal e consensual dos direitos intelectuais
para trabalhos de natureza criativa e propuseram
as licenças do Creative Common (CC),
em 2002. Com o copyright, legalmente,
todos os direitos autorais são reservados;
já com o modelo proposto pelo CC, o autor
tem a opção de decidir quais direitos
podem ser liberados. Assim, se o propositor de
um sítio internet, de uma música,
de um filme, de uma fotografia, de um livro ou
de um artigo deseja que aquela obra fique disponível
para utilização de toda e qualquer
pessoa ou que seja utilizada só para execução
sem fins comerciais, por exemplo, pode aplicar
uma das licenças Creative Commons
e salvaguardar sua vontade. As licenças
são sistematizadas da seguinte forma:
1) Atribuição:
de acordo com esta licença, outras pessoas
podem copiar, distribuir, exibir e executar a
obra; criar obras derivadas e fazer uso comercial
da mesma, desde que haja o crédito ao
autor. Todas as replicações precisam
ter os termos da licença explicados. No
Brasil, o símbolo foi traduzido para .
2) Uso não comercial: esta é a
licença não comercial. Ou seja,
as outras pessoas podem copiar, distribuir, exibir
e executar o trabalho só que apenas para
propósitos não comerciais. A licença
continua válida para todos os trabalhados
derivados do primeiro.
3) Vedada a criação de obras derivadas:
é permitido que outros copiem, distribuam,
exibam e executem o trabalho original, mas não
podem fazer outros trabalhos a partir dele. Esta
é a licença que não permite
trabalhos derivados.
4) Compartilhamento pela mesma licença:
esta, por sua vez, permite que somente sejam
feitos trabalhos derivados abaixo da mesma licença
que o autor utiliza em sua própria obra.
Desde sua criação,
o Creative Commons vem atuando, hoje
em 31 países, para o reconhecimento legal
dessas licenças. No Brasil, as produções
criativas já podem ser registradas dessa
forma, ou seja, as leis brasileiras já
reconhecem sua legalidade. No México,
ainda não há este reconhecimento,
sendo que o CC vem trabalhando junto a uma empresa
de advocacia especializada em propriedade intelectual,
a Fulton & Fulton SC. Além do Brasil
e do México, somente na Argentina e no
Chile, dos demais países latino-americanos,
é que a CC possui representações
agindo para o reconhecimento legal. Nesses dois
países, a situação é
a mesma do México, sendo que no Chile
atua através de duas instituições,
a Universidade do Chile e a Corporação
de Direitos Digitais, uma entidade sem fins lucrativos;
já na Argentina, a representação
se dá pela Fundação OSDE
(Organización de Servicios Directos
Empresários), organização
sem fins lucrativos com interesse nos processos
de regulamentação do ciberespaço.
Com a divulgação
da música Oslodum, do ministro da Cultura
Gilberto Gil, no 5º Fórum Internacional
de Software Livre, em Porto Alegre, em junho
de 2004, bem como devido a seu discurso de apoio
às idéias do Creative Commons5,
o projeto passou a ter um reconhecimento ainda
maior no Brasil. As questões legais, porém,
já vinham sendo encaminhadas, desde 2003,
pelos integrantes do Centro de Tecnologia e Sociedade
da Faculdade de Direito da Fundação
Getúlio Vargas, uma das instituições
de ensino mais reconhecidas no país nas
áreas de Economia e Administração.
Gilberto Gil não apenas apoiou o movimento,
como também foi pioneiro na utilização
de uma licença do CC, a Recombinação
(Sampling). As seguintes licenças
para áudio foram, então, evidenciadas
quando ainda se encontravam em processo de discussão
pelo Creative Commons, ou seja, não
tinham validade legal.
1) Recombinação:
de acordo com esta licença, outros podem
utilizar parte do trabalho para qualquer fim,
exceto publicidade. Cópias e distribuição
da obra inteira são permitidas.
2) Recombinação Plus: permite o
uso de partes do trabalho para qualquer fim exceto
publicidade, porém só possibilita
a distribuição de cópias
não comerciais. A distribuição
do trabalho inteiro pode ser efetuada.
3) Uso Não Comercial para Recombinação
Plus: outros podem usar partes da obra somente
para fins não comerciais; e cópias
e distribuição também somente
podem ser feitas nestes termos.
Tais licenças foram aplicadas no álbum
distribuído a partir do show realizado
por Gil e David Byrne, ex-vocalista do Talking
Heads, em setembro de 2004 em Nova Iorque,
por convite da CC e da revista norte-americana
Wired. No CD são 16 músicas que
permitem a execução e remixagem,
mas não o uso comercial. Os demais músicos
no projeto são Beastie Boys, Chuck D (do
Public Enemy), Dan The Automator, The Rapture,
Spoon, Paul Westerberg, Matmos, DJ Danger Mouse
e My Morning Jacket6.
Para Lemos e
Rezende (2004, p. 01), a cultura em rede, do
desenvolvimento colaborativo e da apropriação
dos bens simbólicos intangíveis
está vinculada ao que denominam “cultura
copyleft”, em contraponto a lógica
proprietária do copyright, que
“tem dominado a dinâmica sociocultural
dos meios de massa”. Sob o ponto de vista
deste trabalho, os movimentos de reavaliação
de como a sociedade industrial capitalista refere-se
à propriedade intelectual são advindos
dos conceitos propostos pela Comunidade de Software
Livre ao constatarem o fechamento do código-fonte
dos programas de computador como contrário
a livre circulação do conhecimento
e, assim, buscarem a liberdade para seus trabalhos
na representatividade legal das licenças.
A complexidade
deste processo já se evidenciava para
culturas coletivas, como a indígena, por
exemplo, cujos ícones e símbolos
foram apropriados e livremente utilizados pela
indústria cultural. O que a CSL parece
ter trazido à tona, é a discussão
sobre a incoerência da lei salvaguardar
alguns atores sociais e não outros. Como,
por exemplo, no caso da Disney com os direitos
de Mickey Mouse que, a cada vencimento
do período para virar domínio público,
aumenta o número de anos de proteção.
O camundongo que poderia ser livremente utilizado
por qualquer um a partir deste ano, novamente
ganha sobrevida-Disney a ver o prazo de carência
para os direitos do autor ampliado de 70 para
95 anos, nos Estados Unidos (TAVARES, 2005).
E o mais interessante é que a CSL problematizou
tais questões com um “bem”
basilar da sociedade contemporânea, os
programas computacionais.
O desenvolvimento
colaborativo
Característica e fator muitas vezes considerado
revolucionário pelos analistas contemporâneos
da Comunidade mundial de Software Livre, o desenvolvimento
colaborativo não é propriamente
nela originado. A CSL está vinculada aos
preceitos da Free Software Foundation
e defende a GNU GPL, não considerando
como “livres” quaisquer softwares
ou projetos que não adotam essa licença.
Porém, há vários outros
movimentos em prol do software livre, sendo que
o desenvolvimento colaborativo foi proposto,
sistematizado e é reconhecido como sendo
do movimento de código aberto, vinculado
à Open Source Initiative (OSI)7.
De uma forma geral, na prática da colaboração
não há a menor diferenciação,
o que se percebe é um movimento que congrega
várias outros, herdeiro de distintas tradições,
como a apropriação “indevida”
e livre utilização dos bens simbólicos
da cultura hacker (LÉVY, 1984; LEMOS,
2002), como a troca, a bricolage dos
pioneiros da micro-informática (LEMOS,
2002), como o não reconhecimento de hierarquias
e instituições dos anarquistas
(STALLMAN, 2002).
De acordo com
a Free Software Foundation, o projeto
SL possui mais de dez milhões de pessoas
no mundo todo, sendo que desenvolvedores e usuários
do GNU-Linux estão contemplados neste
número. Dentre os primeiros, há
várias comunidades que se formam em prol
do desenvolvimento (do projeto) de um software,
por exemplo: as que colaboram com as ditribuições
GNU/Linux: como a do Debian8,
um dos grupos mais consolidado e numeroso, com
mecanismos próprios de escolha de liderança,
congressos mundiais específicos e uma
postura purista de defesa do SL e das idéias
da FSF; e a do Gentoo9,
outro grupo que também possui organização
própria em prol do desenvolvimento dos
softwares que acompanham o “coração”
(kernel) do sistema operacional.
Tais comunidades
possuem posicionamentos muitas vezes distintos
entre si, porém todas têm sua razão
de ser no desenvolvimento colaborativo. E esta
forma de criar, este modelo de produção
diferenciado que veio ressaltar um tipo de trabalho
otimizador das relações virtuais,
teve sua sistemática descrita em 1998
no texto “A Catedral e o Bazar”10
de Eric Steven Raymond. Para ele, o modelo catedral
impera no mundo comercial e o modelo bazar é
o que se institui no mundo do Gnu-Linux, sendo
que ambos representam suposições
opostas sobre a natureza da programação
informática. O primeiro é representado
pela forma tradicional de uma empresa propor
e desenvolver um produto, ou seja, está
sujeito a segredo comercial; somente é
apresentando para os usuários quando concluído,
os testes são feitos internamente à
empresa ou com um público determinado.
Já o segundo é resultado de uma
coletividade que troca códigos, que compartilha
em excesso suas idéias ainda inacabadas:
O estilo de
Linus Torvalds de desenvolvimento – libere
cedo e freqüentemente, delegue tudo que
você possa, esteja aberto a ponto da promiscuidade
- veio como uma surpresa. Nenhuma catedral calma
e respeitosa aqui - ao invés, a comunidade
Linux parece assemelhar-se a um grande e barulhento
bazar de diferentes agendas e aproximações
(adequadamente simbolizada pelos repositórios
do Linux, que aceitaria submissões de
qualquer pessoa) de onde um sistema coerente
e estável poderia aparentemente emergir
somente por uma sucessão de milagres
(RAYMOND, 1998, s .p.).
Assim sendo,
o desenvolvimento de produtos e serviços
no estilo bazar geralmente começa pela
identificação de uma necessidade
de utilização, os produtos são
na maioria das vezes propostos como exercício,
prática de programação do
que efetivamente com vistas mercadológicas.
A máxima de Linus Torvalds: “libere
cedo e libere com freqüência”
parece ser a tônica que move toda a sistemática
criativa. Mas o que ela significa? O liberar
quer dizer: delegue à comunidade, deixe
que a comunidade lhe ajude, mostre seu código,
sua idéia, seu produto que outros poderão
ter grandes soluções que você
jamais pensaria.
Quando um projeto
é proposto para a comunidade, de acordo
com Raymond, duas pré-condições
precisam estar estabelecidas: as qualificações
do líder e a idéia por detrás
do código liberado. O autor defende que
os projetos não precisam ser brilhantes,
mas sim serem lançados para a comunidade
como “uma promessa plausível”
(RAYMOND, 1998, s. p.), pois é a partir
da percepção da proposta sugerida
e, conseqüentemente, do que o programa efetivamente
possa vir a ser capaz de realizar, que os co-desenvolvedores
podem se associar e ajudar na sua construção,
até a vir a ter um código “elegante”,
conforme o jargão utilizado.
Para Raymond,
é muito difícil um projeto de software
livre ser originado no estilo bazar, a comunidade
precisa trabalhar em cima de algo já proposto,
já principiado. Um líder que saiba
reconhecer boas idéias para o projeto:
Então,
é necessário realmente que o líder,
o coordenador de um projeto no estilo bazar
tenha um talento excepcional para planejamento
ou ele pode conseguir o mesmo efeito coordenando
o talento de planejamento de outras pessoas?
Eu penso que não é necessário
que o coordenador seja capaz de originar projetos
de excepcional brilho, mas é absolutamente
necessário que o coordenador seja capaz
de reconhecer boas idéias de projetos
de outras pessoas (RAYMOND, 1998, s. p.).
Assim, este
sozinho ou com seu grupo original de co-desenvolvedores
divulga o projeto para o restante da comunidade,
deixando o “executável” (o
aplicativo que roda o programa), o código
fonte e toda a documentação das
alterações no site do projeto,
do grupo, em um servidor de FTP (File Transfer
Protocol) ou nas bibliotecas de softwares
livres que algum outro grupo mantenha para serem
copiados. O passo seguinte é encaminhar
o programa para a obtenção da licença
de que será um projeto livre ou open
source e passar (ou não) a ter a
credibilidade da comunidade e os integrantes
da CSL que tenham interesse começam a
trabalhar no projeto.
Ao analisarmos
tal processo, podemos afirmar que os seguintes
quesitos foram essenciais para que o modo bazar
de desenvolvimento pudesse se instituir: 1ª)
uma internet cada vez mais barata; 2ª) um
estilo de liderança diferenciado que visa
a integração de idéias;
3ª) um conjunto de formalidades cooperativas
que permite aos desenvolvedores e co-desenvolvedores
obter o máximo do ambiente no qual atuam.
Talvez o que
tenha tornado o modo bazar tão popular
na comunidade internet é que não
apenas representa um novo modelo da tarefa de
depuração de um software, como
também pode explicitar o co-desenvolvimento
aberto (sem segredos) e talvez até a própria
natureza do desenvolvimento tecnológico
em rede. Nele, houve a abertura total dos pólos
de emissão e de recepção,
pois há o conhecimento técnico
necessário para fazer a inversão
no sentido. Mas, indubitavelmente, o que o fez
possível foi a instauração
da estrutura em rede e sua crescente importância
nas relações sociais.
Nesse sentido,
o modelo de produção baseado em
colaboração em larga escala defendido
por Benkler (2002), a cultura da dádiva
que faz um ceder parte de seu tempo pra outros
(HIMANEN, 2001; LADEIRA, 2003), o desenvolvimento
cooperativado (SCHWINGEL, 2002), que caracterizam
a Comunidade de Software Livre, parecem ter levado
tais preceitos para a sociedade como um todo,
fazendo-a relativizar seu modelo de produção.
Jacobs (2001) propõe a aproximação
das teorias econômicas atuais com as leis
naturais, evidenciando que estas se estruturam
em redes de co-desenvolvimentos convenientes,
ou seja, onde agentes associados de forma complementar,
buscam acrescer com sua formação
na construção do projeto como um
todo. A Economia Solidária também
visa aproximar o sistema produtivo do valor vida
(ser humano, natureza), deslocando o centro da
produção e distribuição
de riqueza para o humano, buscando associações
e cooperativismo, interligando-se me redes em
que cada agente possui liberdade para atuar,
tornando-as autogeridas (TAVARES; AGUIAR, 2005).
O desafio para movimentos como o do Bansol (Associação
de Fomento a Economia Solidária) da Escola
de Administração da Faculdade da
Bahia, que está buscando fazer esta vinculação
entre SL e Economia Solidária, não
se apresenta pequeno.
Outro aspecto
que ainda pode ser destacado refere-se à
necessidade que Eric Raymond e o mundo livre
ainda vê na figura de um líder para
propor e coordenar um projeto. Talvez aqui venha
a ser um importante espaço para analistas
e ativistas latino-americanos propuserem uma
sistemática ainda mais arrojada, com a
necessidade sendo identificada e coordenada pelo
grupo em si. A auto-gestão poderia auxiliar
neste sentido, bem como as noções
anarquistas da FSF, já que é interessante
observar que o sítio da OSI não
possui nenhum espelho traduzido no Brasil e demais
países latinos11.
Um exemplo nesse sentido é como o Projeto
Software Livre Bahia (PSL-BA)12
compõe e coordena suas ações.
Para um observador menos familiarizado, parece
não haver qualquer direcionamento13,
porém é um dos grupos brasileiros
mais ativos na divulgação da cultura
livre.
Portanto, cultura
livre parece ser, sob o ponto de vista deste
trabalho, o termo ideal para referir-se a movimentos
que extrapolem os preceitos e idéias surgidas
a partir da relativização dos direitos
de propriedade intelectual e do desenvolvimento
colaborativo. Um exemplo desta apropriação
pode ser o programa de rádio “Papo
de Hacker”, desenvolvido pelo Projeto Software
Livre Bahia junto com o Programa de Inclusão
Digital Tabuleiro Digital da Faculdade de Educação
de Salvador, que afirma ser “um espaço
de debate e discussão sobre Software Livre
e Cultura Livre”14,
veiculado via internet16.
Notas:
1
Ver: (http://www.creativecommons.org);
(http://www.wikipedia.org)
e (http://pt.wikipedia.org);
(http://pt.wiktionary.org/);
(http://www.slashdot.org);
(http://www.indymedia.org)
e (http://www.midiaindependente.org);
o artigo “Emissão sonora, futuro
do rário e cibercultura”, in: (http://www.facom.ufba.br/ciberpesquisa/404nOtF0und/404_46.htm),
a palestra apresentada no 6º Fórum
de Software Livre de Porto Alegre: “Palestra:
Software Livre e Economia Solidária: duas
faces de uma outra economia” In: (http://twiki.softwarelivre.org/pub/Fisl6/SlidesDosPalestrantes/tavaresevicente.pdf)
2 O Projeto
GNU (acrônimo de GNU is not Unix) foi responsável
pelo desenvolvimento de todos os periféricos
para o kernel (núcleo) do sistema proposto
por Linus Torvalds. Por isso que a Comunidade
de Software Livre defende que o nome apropriado
é GNU-Linux para o sistema oepracional
livre mais conhecido e utilizado.
3 A FSF é
a fundação referência para
o mundo livre. Criada por Stallman, fornece a
licença GNU GPL que garante a manutenção
do código aberto de um software.
4 Para maior
compreensão da GNU GPL, ver: (http://www.gnu.org/copyleft/fdl.html)
5 Ver o discurso
de Gilberto Gil em (http://www2.cultura.gov.br/scripts/discursos.idc?codigo=979)
6 As músicas
podem ser copiadas em (http://creativecommons.org/wired)
7 Ver: (http://www.opensource.org)
8 (http://www.debian.org)
9 (http://www.gentoo.org)
10 Um dos
textos fundadores do movimento, referência
quando se fala em projeto de desenvolvimento.
Diferentes versões dele se espalham pela
rede, uma francesa pode ser encontrada em (http://www.linux.france.org/article/these/cathedrale-bazar.html);
em português, pode ser encontrado na página
de Erik Kohler: (http://www.geocities.com/CollegePark/Union/3590/pt-cathedral-bazaar.html).
O original está na página de Eric
Raymond (http://tuxedo.org/~esr/writings/cathedral-bazaar).
11 Os integrantes
da OSI divulgam a emergência do SL devido
a sua eficácia, mediante o proprietário,
sendo que consideram imprescindível para
a mesma a figura de um líder.
12 Ver: (http://twiki.im.ufba.br/bin/view/PSL/)
13 Na última
reunião presencial do PSL-BA, houve justamente
a discussão sobre a coordenação
do projeto, que não foi aceita, pelo grupo
entender ser um grupo e a representatividade
não ser importante. Reunião ocorrida
em 20 de maio de 2005.
14 Ver: (http://www.twiki.ufba.br/twiki/bin/view/RadioFACED/PapoDeHacker)
15 Para ouvir,
entre em: (http://proxy02.ufba.br:8000/radiofaced.m3u).
Referencias:
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Y. Coases's Penguim. or, Linux and the Nature
of Firms, 2002. Disponível em (http://www.yale.edu/yalelj/112/BenklerWEB.pdf).
Acessado em outubro de 2004.
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da sociedade da informação. Rio
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JACOBS, Jane. A natureza das economias. São
Paulo: Beca Produções Culturais,
2001. 190p.
LADEIRA, J.D.M. Troca de Arquivos par-a-par:
Napster, Gnutella e o Desenvolvimento de Tecnologias
de Comunicação na Internet. Programa
de Pós-Graduação em Comunicação.
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LEMOS, A. Cibercultura: tecnologia e vida social
na cultura contemporânea. Porto Alegre:
Sulina, 2002.
LEMOS, A; REZENDE, P. Lê Brésil
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Gouvernement Lula, Copyleft et Logiciels Libres.
Disponível em: (http://www.facom.ufba.br/ciberpesquisa/andrelemos/bresil_foss.pdf)
LEVY, S. Hackers: heroes of computer revolution.
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Disponível em (http://www.catb.org/~esr/writings/homesteading/homesteading/).
Acessado em outubro de 2004.
______. The Cathedral and the Bazaar, 2000. Disponível
em (http://www.catb.org/~esr/writings/cathedral-bazaar/cathedral-bazaar/).
Acessado em outubro de 2004.
SCHWINGEL, C. Comunicação e criação
na internet: análise das equipes de desenvolvimento
web e dos grupos de desenvolvimento de softwares.
Programa de Pós-Graduação
em Comunicação e Cultura Contemporâneas.
FACOM/UFBA, Salvador, 2002. Dissertação.
STALLMAN, R. O Projeto GNU – a primeira
comunidade a compartilhar software. In: GASS,
Elvino. Software Livre. Porto Alegre: Assembléia
Legislativa/RS, 1999.
TAVARES, T. Propriedade Intelectual. Palestra
ministrada no II Festival de Software Livre da
Bahia. Salvador, 10 de abril de 2005.
TAVARES, T.; AGUIAR, V. Software Livre e Economia
Solidária: duas faces de uma outra economia.
II Festival de Software Livre da Bahia. Salvador,
09 de abril de 2005. Disponível em formato
de apresentação em:(http://twiki.softwarelivre.org/pub/Fisl6/
SlidesDosPalestrantes/tavaresevicente.pdf)
Ms.
Carla Schwingel
Jornalista, Brasil. |