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MutaÇÕes em FolkcomunicaÇÃO
Revisitando o legado beltraniano

Por José Marques de Melo
Número 60

Resumo

A revisão do legado beltraniano pelas novas gerações, em sintonia com as transformações da sociedade, suscita a análise contextual das mudanças ocorridas nos estudos folkcomunicacionais, com a intenção de perceber suas inovações relevantes.

Palavras-chave: Folkcomunicação. Indústria Cultural. Cultura Popular. Pensamento Comunicacional Brasileiro. Luiz Beltrão

Resumen

El intento de conocer las innovaciones aportadas por la revisión de la herencia beltraniana hecha por las nuevas generaciones, de acuerdo a las transformaciones de la sociedad, motiva el presente análisis de coyuntura sobre los cambios producidos en los estudios de folk comunicación.

Palabras-clave: Folk comunicación. Industria cultural. Cultura popular. Pensamiento Comunicacional Brasileño. Luiz Beltrão

Abstract

The critical review made by the new generations on the Luiz Beltrão legacy, according to society transition, started this synchronic profile   of   the changes faced by folk communication studies.

Key words: Folk communication. Cultural industry. Popular culture. Luiz Beltrão

Legado beltraniano

Disciplina orientada para o "estudo dos agentes e dos meios populares de informação de fatos e expressão de idéias", a Folkcomunicação contabiliza 40 anos de atividades acadêmicas. Sua concepção evidencia-se   na tese de doutorado defendida por Luiz Beltrão na Universidade de Brasília em 1967 (Marques de Melo, 2003).

Se o Folclore compreende formas comunitárias de expressão cultural das classes subalternas,   a Folkcomunicação protagoniza a outra face da moeda, caracterizando-se pela utilização de mecanismos artesanais de difusão simbólica para   traduzir em linguagem popular mensagens ininteligíveis, previamente veiculadas pela indústria cultural (Beltrão, 1971 e 1980).

Esta é a compreensão original de Luiz Beltrão, que a situava como processo de intermediação entre a cultura das elites (erudita ou massiva) e a cultura das classes trabalhadoras (rurais ou urbanas).   Trata-se da "segunda etapa" do processo de difusão massiva, tal qual descrito por Lazarsfeld e seus discípulos (Beltrão, 2001).

Dentro dessa perspectiva, realizaram-se as primeiras pesquisas do gênero, privilegiando aquelas decodificações da cultura de massa (ou suas leituras simplificadoras da cultura erudita) feitas pelos veículos rudimentares nos quais se abastecem simbolicamente os segmentos populares da sociedade. (BENJAMIN, 2004)

Depois de quatro décadas de acumulação de conhecimentos, torna-se indispensável revisar criticamente as transformações operadas na disciplina, na tentativa de discernir quais os elementos que permaneceram imutáveis no período, quais as mutações evidentes e quais as tendências prenunciadas pelas novas gerações que deram seqüência às idéias originais de Luiz Beltrão.

Elas se impuseram não apenas porque a dinâmica sócio-cultural foi significativamente alterada em nossa sociedade, mas também em razão da exegese feita pelos analistas folkcomunicacionais, a partir dos textos seminais do fundador da disciplina.

Mutações contingentes

Para legitimar-se socialmente e para conquistar os mercados constituídos por cidadãos que não assimilaram inteiramente a cultura alfabética, a indústria cultural necessitou retro-alimentar-se continuamente na cultura popular. Muitos dos seus produtos típicos, principalmente no setor do entretenimento, resgataram símbolos populares, submetendo-os à padronização típica da manufatura seriada. (Marques de Melo, 2006)

Desta maneira, os pesquisadores de folkcomunicação ampliaram o seu raio de observação, não se limitando a analisar os fenômenos da recodificação popular de mensagens da cultura massiva, mas também rastreando os processos inversos, ou seja, a incorporação de bens da cultura popular pela indústria cultural (os meios de comunicação e os aparatos do lazer massivo, principalmente o turismo).

Tais apropriações folkmidiáticas tornaram-se mais comuns nos formatos ficcionais ou   musicais. No entanto, o próprio jornalismo se abastece continuamente nas fontes da cultura popular, registrando indícios das sobrevivências tradicionais na vida das comunidades modernas. Tais manifestações populares se convertem em notícias pelo seu caráter inusitado, pitoresco ou sentimental.

A folkcomunicação adquire, cada vez mais. importância pela sua natureza de instância medidadora entre a cultura de massa e a cultura popular, protagonizando fluxos bi-direcionais e sedimentando processos de hibridação simbólica. Trata-se de um fenômeno capaz de seduzir as novas gerações de pesquisadores das ciências da comunicação, aproximando-os a este campo de estudos, cuja riqueza cognitiva está a merecer explorações mais atentas e profundas.

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Matrizes conceituais

O pensamento de Luiz Beltrão disseminou-se em todo o território nacional, conquistando seguidores que deram andamento a algumas de suas idéias ou discípulos que avançaram nas trilhas empíricas por ele abertas. Considero-me um deles, ainda que não o mais freqüente, nessa área, como sem dúvida tem sido Roberto Benjamin, Oswaldo Trigueiro ou Joseph Luyten.

Dos escritos desse grupo resultou um corpo conceitual que trata de explicitar (ou reinterpretar) a teoria da folkcomunicação. Por isso eles foram reunidos no volume Mídia e Folclore (Maringá, Faculdades Maringá, 2001) como uma contribuição para que as novas gerações de pesquisadores da folkmídia pudessem avançar nas sendas abertas por Luiz Beltrão.

Mas a antologia incluiu o conjunto das teses formuladas pelo inspirador da Folkcomunicação. Na primeira parte está a versão integral dos fundamentos teóricos da tese de doutorado, defendida na UnB, em 1967. Reproduz-se ali o capítulo inédito, que tanto estarreceu o Prof. Lourenço Filho, apesar de ele se haver empolgado com as evidências empíricas que o autor identificou no território fronteiriço entre a cultura popular e a comunicação de massa. Em seguida, está o capítulo substitutivo que Luiz Beltrão escreveu para o livro "Comunicação e Folclore". Vale a pena fazer uma comparação entre os dois para observar o malabarismo discursivo a que foi condenado o autor, como uma condição necessária à circulação das suas idéias inovadoras.

Completam a secção alguns ensaios escritos durante as décadas de 70 e 80, que explicitam, ampliam ou complementam suas assertivas sobre a folkcomunicação enquanto disciplina integrante do universo das ciências da comunicação. Ali é possível compreender o esforço interdisciplinar do comunicólogo Luiz Beltrão, ancorando-se em objetos concretos no âmbito da folk-mídia, mas buscando explicá-los ou interpretá-los a partir do referencial disponível em ciências conexas como a história, a antropologia ou o a sociologia. Da mesma forma, pode-se acompanhar a leitura que ele fazia dos estudos sobre folkcomunicação no Brasil, cujos desdobramentos nem sempre foram tão amplos quanto necessários.

Patrulhamento

Fica nas entrelinhas a identificação do patrulhamento exercido por vanguardas intelectuais que teimavam em menosprezar os estudos sobre a cultura popular autêntica, ou seja, não engajada, sobrevalorizando aquelas manifestações artificialmente politizadas, correntes em alguns sindicatos, partidos ou igrejas.

A Folkcomunicação de Luiz Beltrão encontrou dupla resistência. Por um lado, sofreu o expurgo dos folcloristas "conservadores", que pretendiam "defender" a "pureza" da cultura popular frente às investidas midiáticas modernizantes. Por ouro lado, enfrentou a desqualificação dos comunicólogos "progressistas", que pretendiam fazer da cultura popular o cavalo de tróia das suas batalhas políticas, em lugar de apreender, nessas manifestações genuínas, como ensinou Gramsci, o limite da resistência possível de comunidades empobrecidas, cuja meta é a superação da marginalidade social.

A parte final do referido livro contém uma amostra dos protocolos de pesquisa ou das evidências factuais coletados por Luiz Beltrão. Trata-se de estudos monográficos sobe ex-votos, almanaques de cordel, volantes, confissões. Seu valor paradigmático pode encorajar jovens pesquisadores da folk-comunicação a percorrer os mesmos caminhos do mestre ou transpor suas estratégias metodológicas para objetos semelhantes em outros cenários culturais.

A intenção fundamental da obra foi propiciar aos midiólogos do novo século o acesso a idéias, conceitos, teorias e metodologias construídos por um dos mais profícuos cientistas brasileiros da comunicação.

Trata-se de um arsenal acadêmico que ficou de certo modo encoberto, para não dizer marginalizado, numa conjuntura marcada pela crença quase cega na obsolescência e morte das tradições populares, que se acreditava seriam sepultadas pelas correntes culturais pós-modernas e semi-eruditas.

Mas a História tem suas armadilhas imprevisíveis. Ao contrário das suposições modernosas, na verdade estribadas em sentimentos profundamente elitistas, o que observamos hoje é justamente um movimento em sentido contrário. A globalização permite vislumbrar o cenário de um mundo polifacético e multicultural. Mas sugere que qualquer inserção pró-ativa no seu universo depende basicamente do capital simbólico acumulado nas mega, macro ou micro-regiões (Marques de Melo, 2006a), potencialmente convertíveis em imagens e sons capazes de sensibilizar a aldeia global. Vale dizer, ancorados em dimensão universalizante. Em outras palavras, enraizados na cultura popular, mas traduzidos para a linguagem da cultura de massa.

Daí a atualidade do pensamento comunicacional de Luiz Beltrão, que pensou na era de McLuhan sobre as interações entre a aldeia local e a aldeia global. Ao construir um referencial teórico consistente lançou pontes entre a folk-mídia e a mass-mídia.    Ele reconheceu o universal que subsiste na produção simbólica dos grupos populares, percebendo   ao mesmo tempo que os dois sistemas comunicacionais continuarão se articular numa espécie de feed-back   dialético, contínuo, criativo.

Tempo de parabólicas

Há um decênio, as Conferências Brasileiras de Folkcomunicação, mais conhecidas pela sigla FOKCOM, vem debatendo a dinâmica da cultura popular na era das comunicações globais. Ou melhor, numa sociedade cujo símbolo deixa de ser a chaminé das indústrias para adotar as antenas parabólicas, que nos permitem enviar/receber mensagens do mundo inteiro.

Trata-se de um colóquio iniciado em 1998, no campus da Universidade Metodista de São Paulo, na cidade de São Bernardo do Campo. É ali que está sediada a Cátedra UNESCO de Comunicação do Brasil, um dos elos da entidade   mundial, denominada ORBICOM - Rede das Cátedras UNESCO de Comunicação.

Desde a sua criação, em 1946, em Paris, a UNESCO - Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura - vem se empenhando na preservação do patrimônio cultural da humanidade. Esse trabalho não se restringe a tombar cidades históricas. Ele busca também valorizar as manifestações culturais dos grupos étnicos, comunidades locais ou das nacionalidades.

Fiel a essa plataforma, a Cátedra UNESCO de Comunicação do Brasil escolheu como diretriz de trabalho o fortalecimento da Comunicação Regional. E uma das suas dimensões evidentes, no território nacional, é a sobrevivência de um conjunto de meios de expressão popular, que coexistem interativamente com a mídia massiva.

Ao estudo desses fenômenos culturais Luiz Beltrão denominou Folkcomunicação. As diretrizes por ele propostas aos jovens cientistas agregados nas escolas superiores de comunicação social foram transformadas em projetos de pesquisa. A acumulação dos seus resultados gerou uma nova interdisciplina no âmbito das ciências sociais.

Seus praticantes não se restringem aos comunicólogos, mas inclui também pesquisadores das áreas de Letras, Artes e Ciências Sociais. Anualmente eles se encontram para debater os novos conhecimentos produzidos, revelando à comunidade universitária as singularidades dessa rede midiática constituída por micro-meios cujas raízes estão no período colonial, mas cujas antenas sintonizam a riqueza simbólica da sociedade telemática.

Passado e futuro se interconectam num corpo complexo de palavras, sons e imagens, demonstrando que tradição e modernidade são duas faces de uma sociedade que progride sem perder sua identidade.

Aldeia global

O século XXI emerge sob o signo da globalização acelerada. Na esfera político-econômica, os encontros anuais de Davos e Porto Alegre oferecem nítidas evidências desse processo mundializador. Agentes da economia internacionalizada e militantes políticos anti-globais reúnem-se para explicitar suas teses e antíteses. Trata-se, contudo, de eventos e performances que se esgotam no imaginário das elites, diante dos quais as camadas populares agem como meros espectadores midiáticos. Sem apreender-lhes o sentido, os cidadãos comuns que habitam os subúrbios ou grotões das sociedades nacionais terminam por alijar da sua vida cotidiana a retórica dessas manifestações periódicas.

Há, contudo, uma outra dimensão do fenômeno, nem sempre perceptível a olho nu, mas que repercute intensamente nas conversações familiares, projeta-se nos grupos de vizinhança e acaba sendo incorporada ao universo simbólico   das comunidades periféricas. Trata-se do mosaico cultural que a mídia globalizada enseja diariamente, rompendo o isolamento social em que os cidadãos comuns viveram até recentemente. Costumes, tradições, gestos e comportamentos de outros povos, próximos ou distantes, circulam amplamente na "aldeia global". Da mesma forma, padrões culturais que pareciam sepultados na memória nacional, regional ou local ressuscitam profusamente, facilitando a interação entre   gerações diferentes, permitindo o resgate de celebrações, ritos ou festas aparentemente condenados ao esquecimento.

Esse torvelinho cultural que antagoniza, compara, distingue, mescla símbolos de diferentes nações, regiões, cidades,   bairros, povoados constitui expressão contumaz daquela riqueza do folclore midiatizado, dimensionado com perspicácia na teoria folkcomunicacional (Beltrão , 2001). Trata-se, nesta conjuntura de sedimentação da "sociedade digital", de seqüência histórica daquele episódio que Marshal Mcluhan havia explorado com argúcia e astúcia em seu livro de estréia The Mechanical Bride (1951).

O folclore da sociedade industrial refletia, há meio século, a apropriação da "cultura popular" pela poderosa "cultura de massas", processando símbolos e imagens enraizados nas tradições nacionais dos países   hegemônicos e convertidos em mercadorias para o consumo das multidões planetárias. Por sua vez,   o folclore midiatizado, típico da sociedade pós-industrial, configura-se como mosaico de signos procedentes de diferentes geografias nacionais ou regionais, buscando projetar culturas seculares ou emergentes no novo mapa mundial.

Os espaços ocupados pelas tradições populares na agenda midiática contemporânea correspondem a iniciativas destinadas a preservar identidades culturais ameaçadas de extermínio ou estagnação, quando confinadas em territórios pretensamente inexpugnáveis. Mas também podem funcionar como alavancas para a renovação dos modos de agir, pensar e sentir de grupos ou nações empurrados conjunturalmente para o isolamento mundial, permanecendo   refratários à incorporação de novidades.

Assim sendo, o folclore midiatizado possui dupla face. Da mesma forma que assimila idéias e valores procedentes de outros países, preocupa-se também com a projeção das identidades nacionais, exportando conteúdos que explicitam as singularidades dos povos   aspirantes a ocupar espaços abertos no panorama global.

O caso brasileiro torna-se paradigmático neste início de milênio. Nossa cultura nacional foi amalgamada pela conjunção de símbolos oriundos de povos multifacetados. O contingente lusitano trouxe-nos um legado híbrido de tradições euro-latinas, incorporando porém traços civilizatórios assimilados nos territórios africanos e asiáticos onde suas naves aportaram pioneiramente. Essa matriz hegemônica incorporou traços inconfundíveis das civilizações ameríndias que habitavam o nosso litoral, nos tempos da colonização, mas que foram expulsas da faixa atlântica, sobrevivendo isoladamente na selva amazônica e outros focos bravios. A elas se juntaram os costumes e expressões das comunidades africanas, trazidas compulsoriamente nos navios negreiros para desempenhar funções produtivas nas plantações açucareiras, pecuária extensiva ou nos complexos auríferos.

Dessa imbricação simbólica resultou uma pujante "cultura popular" responsável em grande parte pela natureza da identidade nacional brasileira, que se reproduziu heterogeneamente durante cinco séculos em todos os quadrantes da nossa geografia. Contudo, os traços explicitamente homogêneos da chamada "cultura brasileira" são aqueles herdados da "cultura erudita" euro-latina, disseminados sistematicamente pela rede escolar,   igreja católica e outras instituições respaldadas pelo aparato estatal.

Trata-se de dualismo cultural que se foi   alterando, no decorrer do século XX, pela penetração de padrões consentâneos com a fisionomia polifacética da emergente "cultura de massas", importada de matrizes inicialmente européias e ultimamente das indústrias simbólicas norte-americanas. Essa corrente teve efeitos significativos na configuração do nosso perfil cultural contemporâneo, que deixa de refletir o "arquipélago cultural" outrora identificado por Manuel Diegues Jr.(1960), projetando aquela faceta que Renato Ortiz (1988) rotulou apropriadamente como a "moderna tradição brasileira".

Estamos, portanto, em pleno processo de transmutação da nossa identidade cultural, compelidos a continuar importando padrões oriundos das matrizes da indústria mundial de bens simbólicos, mas também participando desse mercado internacional potencializado pela cultura massiva.

Mídia radical

O complexo do colonizado, que induz as elites brasileiras a menosprezar singularidades nativas, geralmente costuma ser ultrapassado quando ícones intelectuais, que nos visitam, enaltecem fenômenos culturais aqui enraizados.

Foi exatamente o que aconteceu nos idos de 60. Chacrinha, o animador do programa de auditório mais popular da nossa televisão, mereceu referências positivas do sociólogo francês Edgar Morin, numa de suas primeiras incursões ao território nacional. Depois disso, o "velho guerreiro" foi saudado em prosa e verso pelas nossas vanguardas artísticas, sendo alçado ao universo simbólico do tropicalismo.

Fato semelhante ocorreu durante o congresso brasileiro de ciências da comunicação, realizado em Belo Horizonte (2003). Ao descrever sua tipologia da "mídia radical" (contida em livro traduzido pela Editora Senac,   que mapeia aqueles fluxos encravados nas raízes da "comunicação rebelde" e que plasmam os "movimentos sociais" na periferia da globalização), o pesquisador John Downing (inglês residente nos Estados Unidos) causaria impacto junto à platéia jovem.

Imediatamente, vários comunicólogos da nova geração se davam conta de que as hipóteses construídas por Downing eram semelhantes àquelas propostas pelo brasileiro Luiz Beltrão, há mais de meio século. Ambos foram capazes de perceber que as tradições comunicacionais das populações marginalizadas sobrevivem às inovações tecnológicas, demonstrando capacidade de resistência cultural, no tempo e no espaço.

Desde aquele episódio, a teoria folkcomunicacional de Luiz Beltrão, cuja originalidade fora reconhecida internacionalmente por autoridades intelectuais do porte de Umberto Eco, vem ganhando novo alento, suscitando releituras, revisões e redescobertas, tanto na academia quanto na periferia.

Resgate acadêmico

Não obstante lançados em 1967, quando Beltrão defendeu sua tese de doutorado na Universidade de Brasília, os paradigmas da folkcomunicação remontam ao início da sua carreira jornalística no Diário de Pernambuco (1936), onde começou a agendar os temas da cultura popular. Isso o conduziu a escrever o artigo seminal "O ex voto como veículo jornalístico", recebido com entusiasmo crítico pelo etnógrafo Luis da Câmara Cascudo (1965) e outros folcloristas nacionais.

A metodologia da folkcomunicação foi amplamente documentada, pelo seu fundador, nos livros Comunicação e Folclore (Melhoramentos, 1971) e Folkcomunicação, a comunicação dos marginalizados (Cortez, 1980). Depois da morte do criador da disciplina, em 1986, alguns dos seus discípulos deram continuidade aos estudos iniciados em Recife e Brasília, ensejando inovações empíricas.

Faltava, contudo, aos novos pesquisadores o conhecimento da sua fundamentação teórica, pois a versão integral da tese de doutorado de Luiz Beltrão permanecia inédita. Essa lacuna foi preenchida em 2001, por iniciativa do professor gaúcho Antonio Hohlfeldt, fortalecendo em certo sentido o resgate acadêmico de Luiz Beltrão. Ele não somente patrocinou a publicação em livro da sua obra histórica, mas avalizou sua contribuição para a pesquisa comunicacional, escrevendo ensaios temáticos e apreciações críticas.

Hohlfeldt tem sido interlocutor assíduo dos pesquisadores aglutinados na Rede Brasileira de Folkcomunicação. Desde 1998, eles se reúnem em congressos anuais destinados a socializar e redimensionar as novas pesquisas sobre os fenômenos da comunicação popular tradicional. Aquele seu papel estimulador foi publicamente reconhecido pelas lideranças da Rede Folkcom. Elas atribuíram o nome de Antonio Hohlfeldt à primeira edição do concurso nacional de iniciação científica na área. O certame, protagonizado na cidade de Lajeado (RS), em maio de 2004, contando com a presença do patrono,   foi ancorado nos fluxos da folkcomunicação política.

Nova agenda

A dinamização dos estudos brasileiros de folkmídia evidenciava-se não apenas pelo volume crescente das pesquisas realizadas em território nacional, mas sobretudo pelo lançamento da Revista Internacional de Folkcomunicação - acessível na internet: http://www.uepg.br/revistafolkcom . Esse periódico digital, vocacionado para a reflexão crítica sobre as tendências da disciplina, pretende fomentar o intercâmbio com os pesquisadores forâneos, localizados principalmente na América Latina .

Tal foco latino-americano vem sendo intensificado, desde 1998, quando Roberto Benjamin (UFRPE), criou um GT de Folkcomunicação que se reúne bienalmente nos congressos da ALAIC - Asociación Latinoamericana de Investigadores de la Comunicación. Os encontros já realizados nas cidades do Recife, Santiago do Chile e Santa Cruz de la Sierra (Bolívia), La Plata (Argentina) e São Leopoldo (Brasil) permitem aquilatar a pujança cognitiva da nova agenda folkcomunicacional. Ela também pode ser aferida através dos livros publicados pelo líder dessa micro-comunidade. No ano 2000, Roberto Benjamin lançara uma coletânea denominada Folkcomunicação no contexto de massa (João Pessoa, Editora da UFPB). Ele acaba de editar um novo volume sob o título Folkcomunicação na Sociedade Contemporânea (Porto Alegre, Comissão Gaúcha de Folclore, 2004).

Novas fontes

Até recentemente eram escassas as fontes para o estudo da folkcomunicação. Elas se restringiam praticamente aos Anais das Conferências Brasileiras de Folcomunicação, publicadas em CDRom pelas universidades-sede dos encontros anuais da Rede Folkcom.

Fora isso, esteve em circulação a coletânea Mídia e Folclore , lançada em 2001 pelas Faculdades Maringá do Paraná. Mas sua tiragem reduzida logo se esgotou, convertendo-a precocemente em obra rara.

Também existe o dossiê Folkcomunicação, encartado na edição 33 da revista Comunicação Social (ano 2000), publicada pela Editora da Universidade Metodista de São Paulo. Trata-se da mesma editora que acaba de lançar o livro de Luiz Beltrão - Folkcomunicação: Teoria e Metodologia (2004), reunindo os capítulos essenciais da sua obra teórica e monografias inéditas, esparsamente publicadas nos anos que precederam sua morte. Desta maneira, os novos estudiosos da área passam a contar com uma antologia que reúne textos básicos para a formulação dos seus projetos de pesquisa. Informações sobre esse novo lançamento podem ser encontradas no site: http://editora.metodista.br

Cabe mencionar ainda a edição especial da revista Signos (ano 25, n. 1), lançada pela UNIVATES durante a VII Conferência Brasileira de Folkcomunicação, que pode ser adquirida através do email: editora@univates.br  

E finalmente vale o registro das coletâneas coordenadas por lideranças da área. Sebastião Breguez (2004) lançou Folkcomunicação: resistência cultural na sociedade globlalizada - publicada pelo Núcleo de Pesquisa em Folkcomunicação da INTERCOM - Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Folkcomunicação. Ampla informação sobre esse livro está disponível para consulta no site: www.breguez.jor.br Por sua vez, Cristina Schmidt (2006) organizou o livro Folkcomunicação na arena global: avanços teóricos e metodológicos (São Paulo, Ductor, 2006), reunindo estudos críticos da vanguarda aglutinada pela Rede Folkcom.

A tribo dos caçadores de milagres

A "aldeia global" emplacada por Marshall McLuhan no imaginário midiático contemporâneo vem se mostrando território fértil para a formação de novas "tribos". Geralmente situadas em ambientes urbanos, essas comunidades se caracterizam pelo seu caráter "juvenil".

Nas minhas andanças pelo mundo afora, tenho vislumbrado "tribos" emblemáticas da atual geração que povoa o campus .

Anos atrás, descobri no México a "Geração McLuhan". Constituída por jovens pesquisadores da comunicação, sua meta tinha, em certo sentido, inspiração proustiana . Eles queriam recuperar, não o "tempo perdido", mas o "conhecimento sonegado".   Pois acusavam seus mestres de haver "patrulhado" o legado intelectual da escola canadense (Innis, McLhuan e discípulos), privilegiando outras vertentes paradigmáticas.

Acabo de testemunhar, no Piauí, a formação de "tribo" semelhante. Trata-se da equipe auto-denominada "Caçadores de Milagres". Formada por estudantes dos cursos de comunicação do CEUT - Centro Universitário de Teresina - sua plataforma estriba-se na teoria folkcomunicacional de Luiz Beltrão.

Fascinados pelas idéias beltranianas, eles foram seduzidos intelectualmente pela professora Jacqueline Dourado. Atuando como "guru" acadêmica, ela vem mobilizando os que pretendem inventariar criticamente aqueles focos difusores dos "milagres" piauienses.

De acordo com o "Retrato das Religiões no Brasil", recentemente publicado pela Fundação Getúlio Vargas, o Piauí destaca-se como o Estado mais católico da "maior nação católica do mundo", uma vez que   90,03 %   da sua população declara-se filiada ao catolicismo. Sendo também um dos mais empobrecidos contingentes da geografia nacional, é plausível que demonstrem preferência pelo catolicismo "rústico".

Ao visitar os santuários periféricos, Luiz Beltrão construiu a hipótese do "ex-voto como veículo jornalístico" (1965), cuja demonstração empírica embasou a sua "teoria da folkcomunicação" (1967).

A Tribo dos Caçadores de Milagres deu seqüência ao percurso desbravado por Beltrão, constatando a permanência dessa expressão folkcomunicacional em plena era da Internet. Suas primeiras incursões começam a revelar os novos fazedores de "milagres" dentro da geografia piauiense. A eles, os excluídos da sorte pagam suas "promessas", depositando ex-votos . Tais objetos funcionam como notícias toscas, entronizando no imaginário popular uma nova legião de "santos".

Durante a VIII Conferência Brasileira de Folkcomunicação, organizada no campus do CEUT, em 2005, os "Caçadores de Milagres" começaram a revelar quem, no Piauí, são os beneficiários do culto fervoroso dos marginalizados.

A Virgem Maria permanece como detentora de grande credibilidade, sobretudo naquela versão aculturada da Nossa Senhora Mãe dos Pobres do Piauí. Mas os "santos não canônicos" demonstram forte poder milagroso: o motorista Gregório, em Teresina; a finada Luzia Cortada, em Luzilândia; a finada Consolação, em Piripiri; a noiva Alda, em Barras; a finada Auta Rosa, em Amarante; o homem do Carcará, em Oeiras.

Da mesma forma que o dramaturgo Dias Gomes, através da sua peça "O Pagador de Promessas", celebrizou, na Bahia, em meados do século passado, o culto sincrético a Iansan/Santa Bárbara,   os "Caçadores de Milagres" desvendam, neste início do século XXI, os cultos populares do Piauí. Esta foi sem dúvida a forma mais adequada de comemorar a pesquisa seminal de Luiz Beltrão, realizada em Recife, há quarenta anos.

O relato das observações preliminares dessa tribo, bem como outros avanços da pesquisa folkcomunicacional, foram reunidos pela professora Jaqueline Dourado no volume Folkcom - Do ex-voto à indústria dos milagres: a comunicação dos pagadores de promessas (Teresina, Halley, 2006, 685 p.)

Ativismo midiático

Dentre os discípulos de Luiz Beltrão, Osvaldo Trigueiro destacou-se pela coerência, perseverança e vanguardismo.

Não obstante tenha sido introduzido no universo folkcomunicacional por Roberto Benjamin, seu orientador de mestrado, Trigueiro teve a chance de conviver pessoalmente com Beltrão. E naturalmente não perdeu essa chance do diálogo como o mestre, inclusive abrindo as portas da Paraíba para a disseminação das suas idéias sobre as relações entre a cultura de massa e a cultura popular.

O marco dessa confluência intelectual se configurou em 1976, por ocasião do I Encontro de Folclore da Paraíba, na cidade de Pombal. Atendendo a convite de Trigueiro, o criador da disciplina pôs os "pingos no is",   explicando a natureza da   Folkcomunicação enquanto espaço de trânsito simbólico entre o Folclore e a Mídia.

Vivíamos então uma conjuntura singular, em que as "patrulhas ideológicas" atuavam vigorosamente no seio das universidades, reprimindo quaisquer manifestações culturais que não estivessem enquadradas no figurino pret-a-porter dos arraiais althusserianos ou ostentando a griffe de Frankfurt contrabandeada pelas sucursais terceiro-mundistas.

Osvaldo e s eus colegas do NUPPO foram vítimas, na Universidade Federal da Paraíba, de feroz marcação por parte dos "companheiros" que, ao estilo dos "guardas vermelhos" ou reproduzindo   gestos nostálgicos dos nossos "galinhas verdes", gritavam "palavras de ordem" emanadas dos laboratórios da "contracultura" made in Osasco or in Contagem .   Se essa vigilância explícita não os fez desistir das incursões pelo território folkcomunicacional funcionou como mecanismo inibidor, retardando projetos e alterando cronogramas.

Evidência disso é a publicação do livro Folkcomunicação e ativismo midiático (João Pessoa, Editora da UFPB, 2007) , que toda a comunidade acadêmica reclamava, cobrava e reiterava, sem conseguir demover o autor da atitude do ineditismo bibliográfico, embora ele não se furtasse a divulgar provisoriamente suas idéias e propostas pelos canais hemerográficos ou através da "literatura cinzenta".

Embora continuasse a estudar, pesquisar e refletir os fenômenos folkcomunicacionais que povoam a geografia nordestina, Trigueiro protelou excessivamente a culminância da sua carreira acadêmica. Tanto assim que fez um doutorado temporão, tão brilhante quanto fora o mestrado, mas caracterizado pela sua afirmação intelectual. Sem recusar ou refugar seu referencial teórico da juventude, ele se propôs atravessar o "rubicão" que historicamente vem separando folcloristas e culturalistas. Mas para construir pontes cognitivas entre os dois universos era preciso coragem e paciência. Entende-se, portanto, a vacilação e o adiamento. Felizmente, seu orientador, Antonio Fausto Neto serviu como guia sensível e competente, garantindo a ancoragem em porto seguro.

Em certo sentido Osvaldo Trigueiro refaz o percurso trilhado   por Florestan Fernandes, que, em meados do século passado, promoveu a interlocução entre Folclore e Ciências Sociais, valendo-se do manancial metodológico da sociologia, antropologia e política para interpretar a significação da cultura popular metropolitana.

Empreendendo, no início do século XXI, o diálogo entre a Folkcomunicação e os Estudos Culturais, ele recorre aos paradigmas da Escola Latino-Americana de Comunicação e aos postulados da Escola de Birmgham para elucidar os enigmas que perpassam a cultura global-local em ambientes nítidamente rurbanos.

Tal qual havia feito Jorge Gonzalez em seu livro Sociologia de las Cullturas Subaltenas (Universidad Autónoma de Baja California, Mexicali, 1990), posicionando semióticamente Luiz Beltrão e Jesus Martin Barbero no mesmo patamar "conteudístico", naquele livro Osvaldo Trigueiro situa etnograficamente os dois pensadores latino-americanos no espaço da "recepção".

Assim sendo, ele demonstra as confluências existentes entre as "mediações" barberianas e as "intermediações"   beltranianas, cimentadas pelo "filão gramsciano" que as identifica evidentemente na compreensão da hegemonia. Enquanto o espanhol-colombiano se estriba no legado de Martin Serrano e nas clareiras abertas por Garcia Canclini, o brasileiro-pernambucano está ancorado nas pistas esboçadas por Joffre Dumazedier e nas evidências coligidas por Edison Carneiro. Ambos querem dimensionar como as classes populares "resistem" ao impacto da mídia globalizada e logram preservar seus valores culturais.

Tal exercício comparativo permitiu ao autor ultrapassar as tipologias instituídas por Barbero (mediadores culturais) e Beltrão (líderes folkcomunicacionais) para introduzir sua contribuição ao campo comunicacional, esboçando a fisionomia de um "protagonista híbrido". Trata-se do "ativista midiático", cuja função pode ser bivalente, tanto interpretando os conteúdos midiáticos para o consumo dos cidadãos do seu entorno quanto agendando os conteúdos folkcomuncacionais no fluxo contínuo das indústrias culturais.

Desta maneira, Osvaldo Trigueiro assume lugar privilegiado na vanguarda dos estudos folkcomunicacionais, alinhando-se com Cristina Schmidt e Antonio Hohlfeldt na renovação da disciplina fundada por Luiz Beltrão.

Os ensaios reunidos na coletânea constituem fontes preciosas para iluminar o caminho da nova geração que fortalece a Rede Brasileira de Pesquisadores da Folkcomunicação. Eles ampliam as fronteiras que já haviam sido descortinadas por Roberto Benjamin e Joseph Luyten, oferecendo pistas para discernir com maior clareza as estratégias de apropriação da cultura popular pelas indústrias midiáticas numa conjuntura marcada pela inclusão sócio-cultural de vastos contingentes populacionais secularmente marginalizados do banquete civilizatório.

Contudo, seu maior desafio está contido na hipótese da ação protagonizada pelos "ativistas midiáticos". Trigueiro os propõe como   "intermediários" cognitivos entre os produtores de cultura erudita ou massiva e os consumidores de cultura popular.   Esta compreensão emerge do instigante capítulo em que o autor conceitua o papel do ativista midiático na rede folkcomunicacional. Mas ao simbolizar o Papa João II como ativista midiático ele sugere desdobramentos teóricos e metodológicos incomensuráveis.

Trata-se, portanto, de um livro atualíssimo, cuja problemática central continua a desafiar os corações e as mentes da nossa comunidade acadêmica. Ali está refletida a maturidade intelectual alcançada pelo autor e a autonomia teórica que ele demonstra ao transitar confortavelmente por diferentes paisagens e ao dialogar altivamente com autores situados em distintas correntes de pensamento.


Referências

Beltrão, Luiz
1971 - Comunicação e Folclore , São Paulo, Melhoramentos,
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José Marques de Melo
Docente fundador da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, onde conquistou os títulos de Doutor (1973), Livre Docente (1983) e Professor Titular (1987) e foi agraciado com o diploma de Professor Emérito (2001). Dirige atualmente a Cátedra Unesco de Comunicação na Universidade Metodista de São Paulo.

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