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2004

 

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Sete Pontos

Software Livre: um Modelo Tecnológico à Disposição da Sociedade

 

Por Adilson Cabral
Número 39

O crescimento exponencial da adoção do software livre em universidades, empresas e no setor público aponta para uma demanda muito maior, que é a necessidade de expansão desse modelo no âmbito doméstico, possibilitando também transações comerciais entre as pessoas. Uma pesquisa desenvolvida com 238 empresas, realizada pelo TechLab, mostrou que 78% delas já utilizam o sistema operacional Linux em seus servidores, mas indicadores de crescimento do uso doméstico do software livre ainda são necessários para credenciar sua verdadeira expansão.

Por se provar cada vez mais como um modelo que proporciona maior economia, afastado o fantasma do custo alto da manutenção que seria mais dispendioso e trabalhoso que o preço pago ao software proprietário, as diversas organizações que o utilizam envolvem os usuários nesse novo sistema, mas seus recursos e possibilidades não são tão bem aproveitados. Além disso, fora do contexto organizacional, o software livre não tem tanta aceitação como as soluções proprietárias, pois a publicidade em torno desse sistema é bastante envolvente e há, nos diversos setores, uma rede de produtos e serviços que ainda não dialoga com o software proprietário, já instalado nas máquinas e assimilado pelos usuários domésticos.

Por outro lado, como sistema tecnológico, o software livre oferece mais vantagens ao usuário: possibilidade de manipulação do software para o atendimento das necessidades dos usuários, com base no código aberto que o constitui; utilização e redistribuição de cópias, sem custo adicional; compartilhamento das versões originais e modificadas pelos usuários e, em conseqüência dessas possibilidades, o respeito às adequações culturais de cada contexto, seja regional, cultural ou relacionado às atividades para as quais venha a ser adotado. Mas, a qual realidade, a quem efetivamente se aplicam essas possibilidades? Aos usuários finais? Muito provável que não!

O desafio que se coloca para uma possível e desejada disseminação do software livre no meio doméstico está na capacidade de atender a determinadas necessidades já contempladas na facilidade do acesso ao software proprietário: ser de utilização fácil e segura e oferecer suporte técnico de qualidade, com facilidade de constante atualização na medida da disponibilidade. A existência de soluções de software livre baseadas nas utilizações mais comuns realizadas por usuários domésticos, tais como editar textos e imagens, navegar na Internet, tocar MP3 e vídeos, se comunicar em programas como o ICQ, etc. E essas soluções serão tão melhores quanto puderem ser oferecidas com base em sistemas operacionais baseados em software livre, não a partir de soluções que funcionem a partir da instalação do Windows.

A ênfase dos técnicos mais relacionados com o software livre chega a beirar o fanatismo dogmático. Embora imbuídos de argumentos bem fundamentados e até mesmo precisos, contar com adesões mais amplas na sociedade significa contemplar princípios dos mais caros ao desenvolvimento da Internet que são a interatividade e a amigabilidade. Em entrevista concedida à Folha de São Paulo, em 8 de maio de 2002, o presidente da Linux International John "Maddog" Hall disse que "quem usa computador em casa pede ajuda para os vizinhos, para os filhos ou amigos da igreja", mas que a densidade desse mecanismo ainda não se formou para o Linux e essa realidade não é teão diferente ainda hoje, dois anos depois.

Disposição da sociedade civil para assumir o software livre é o que não falta, mas também, no que diz respeito a trabalhos que precisam ser feitos com base na articulação das pessoas, o software livre precisa ser adotado em conjunto com modelos já existentes, até para que a consciência de sua eficácia seja estabelecida pela contraposição, não pela imposição.

Dessa forma, mais do que de argumentos técnicos para impulsionar a adoção de software livre nos mais variados espaços, os partidários desses sistemas necessitam cada vez mais de argumentos de base social para conquistar mais adeptos e, sem dúvida, várias pistas já estão sendo desenvolvidas nos vários fóruns e encontros promovidos pela comunidade. Entretanto, para além do círculo técnico e corporativo, o ambiente doméstico se pauta por uma série de outras demandas que precisam ser levadas em conta na hora de modificar o sistema, principalmente em relação ao costume com um modelo que até pode dar problemas, mas não decepciona. Imagem que vem se modificando com a quantidade de vírus e derivados que circulam recentemente na Internet.

São de excelente iniciativa, portanto, projetos governamentais como o softwarelivre.gov.br, que visa disseminar esforços e bons projetos em software livre na esfera federal, estadual e municipal ou ainda projetos de organizações da sociedade civil, como o Somos@telecentros (http://www.tele-centros.org/), que tem como proposta pesquisar as iniciativas e histórias dos telecentros para promover um encontro permanente de colaboradores e desenvolver metodologias de uso.

Projetos como este necessitam contemplar, em escala mais ampla quanto possível, a sociedade civil como disseminadora do software livre, como interessadas e envolvidas na capacidade de se apropriar da tecnologia para construí-la também, utilizando-a em favor de seu próprio desenvolvimento. Para isso, desde já podemos afirmar como ponto de partida e pressuposto básico dessa atuação, um princípio que bem pode servir como lema de campanha explicativa em larga escala: inclusão digital com software proprietário: não obrigado!


Prof. Adilson Cabral
Coordenador do Informativo SETE PONTOS

 

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