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Por Simone de Sa
Número 41
Ironizando
o show do DJ Fatboy Slim na Praia do Flamengo, Rio de Janeiro em
março deste ano, o colunista Artur Xexéo afirmava,
com desdém:
Sou do tempo em que se assistia
a filmes no cinema, ouvia-se disco na vitrola (ou no rádio),
olhavam-se fotografias no álbum e telefone era um aparelho
que servia para se comunicar, oralmente, com alguém que
estava distante. (...) Para mim, mais que dez músicas num
só suporte (...) formam um LP. O resto é ficção
científica. ( Jornal O Globo; 14/03/2004 )
Dias depois, no mesmo Segundo Caderno
do Globo (dia 02/06/2004), uma matéria desmente a ironia
de Xexéo, abordando a força dos telefones móveis
como artefatos culturais. Fazendo uma análise da utilização
de mobile phones pela juventude britânica e seu impacto
nos padrões de consumo musical naquele país, sublinha-se
os números – arrecadação de cerca de
140 milhões de dólares em download de ringtones, que
superam em pelo menos 20 milhões a venda de singles naquele
país, no mesmo período.
A matéria reporta o que especialistas
já anteciparam: que os telefones móveis são
hoje mais do que um meio de comunicação para falar
com alguém distante, como supõe Xexéo e tantos
outros. Aparelhos de última geração tocam arquivos
de MP3, recebem rádios FM e permitem a captação
de mensagens em vídeo, além dos serviços já
comuns tais como câmeras embutidas e transmissão de
mensagens de texto, participando de maneira efetiva do entretenimento
e sociabilidade contemporânea. No Japão, boa parte
dos celulares é vendida a um iene – cerca de R$0,03
e a fidelização é perseguida pelas operadoras
que se associam a provedores de conteúdo para fornecerem
ao usuário impensáveis serviços. E uma guerra
branca é travada naquele país entre empresas defensoras
dos padrões de telefonia móvel PDC, de um lado; e
CDMA e derivados, de outro.
Longe de previsões oriundas
de romances de ficção científica, a comunicação
com artefatos que tragam pelo menos uma função wireless
– tal como os próprios celulares; e os desenvolvimentos
voltados para comunicação sem fio tais como wi-max
(para longa distância) e wi-fi (redes locais) representam
um segundo momento da convergência digital e da cibercultura,
pós computadores pessoais. E só os muito ingênuos
ou aqueles que estão distantes da reflexão sobre a
história das tecnologias poderiam supor que os suportes e
mídias são fixos, estanques, imutáveis e naturais
em suas funções de transmissão da informação;
e que portanto falar num telefone à manivela ou num smart
mob tem o mesmo significado cognitivo e sócio-cultural.
Quais as ferramentas que temos para
compreender estas transformações?
Meyrowitz (2004) ocupa-se do fenômeno da comunicação
wireless articulando-o ao surgimento de uma cultura de
“nômades globais”. No argumento de inspiração
mcluhaniana , estaríamos entrando numa nova era da globalização
onde nos distanciamos da especialização propiciada
pela cultura letrada e retornamos, em espiral, a um momento anterior
da história da humanidade marcada pelas sociedades nômades
de bandos de caçadores.
O que caracteriza a sociedade de
nômades globais é portanto o enfraquecimento das fronteiras
bem delimitadas pela modernidade, a partir do avanço de tecnologias
da comunicação tais como computadores, telefones celulares
e internet. Estes geram uma paisagem eletrônica que funde
e desintegra pares de categorias dicotômicas: entre os papéis
masculinos e femininos; entre lugares de autoridade e liderança
definidos pela hierarquia tradicional; entre o público e
o privado, entre o trabalho e a vida doméstica, entre campos
disciplinares distintos; e ainda, no terreno das mídias,
entre usuários e produtores, entre cópia e original,
entre simulacro e real, entre experiência direta e mediada,
entre notícia e entretenimento.
Como disse, o argumento remete a
Mc Luhan e também outros autores da Escola de Toronto em
vários momentos. Pois, conforme sabemos, a contribuição
mais relevante deste grupo (ver McLuhan (1973), Harold Innis (1950;
1951) , R.Logan (2000) e E. Havelock (1998) e seus discípulos
(Ong;1998) aos estudos da comunicação é a de
considerar as diferentes tecnologias da comunicação,
para além dos conteúdos que transmitem, como determinantes
da própria forma de agir e pensar de uma cultura, distinguindo-se
assim – no caso de Mc Luhan - os efeitos da oralidade, da
escrita e da eletricidade. Dentro deste quadro, o letramento advindo
da cultura impressa é elemento central da forma racional
de conhecer e experimentar o mundo no Ocidente, numa sequência
uniforme e contínua; e a fragmentação e separação
dos sentidos, com a vitória da visualidade tanto quanto a
retirada do homem do mundo de “profundo envolvimento tribal
e coletivo” são efeitos da cultura impressa.
A era da eletricidade e seus meios
de comunicação – tais como o rádio e
a televisão - significa para Mc Luhan a implosão súbita
do regime instaurado pela escrita, fazendo reaparecer entre nós
“arcaísmos tribais”. Trata-se da reunificação
dos sentidos e da criação de uma experiência
de imersão em totalidade e da ruptura com padrões
lineares e sequenciais.
Dentro deste quadro, um outro aspecto
que aproxima Meyrowitz de Mc Luhan – e especialmente de Walter
Ong – é o de que, no desenvolvimento do argumento sobre
as distinções entre a cultura visual do impresso e
a cultura oralizada, eles enfatizam a complexidade da cultura impressa
em oposição a uma naturalidade da audição
Enquanto em Ong podemos ler, sobre
o caráter insconsciente e natural da linguagem que: “as
regras do computador (“gramática”) são
estabelecidas antes e usadas depois. As ‘regras’ de
gramáticas na línguas humanas são usadas antes,
e apenas com dificuldade e nunca de modo integral, podem ser abstraídas
do uso e estabelecidas explicitamente em palavras(1998;16); Meyrowitz
afirma que : “Ler e escrever não são tão
naturais quanto ouvir e falar, e não são tão
facilmente aprendidos”.(2004; 24)
Meu interesse neste artigo é
explorar as reconfigurações advindas da comunicação
wireless privilegiando os telefones móveis e dentro
desta temática, a articulação entre duas questões:
a reconfiguração propiciada pelos mobile phones e
redes wireless nas formas de escuta, de uma forma geral, e seus
impactos dentro da indústria fonográfica.
Dentro desta reflexão, o
artigo de Meyrowitz torna-se oportuno, por apresentar-se como um
contraponto metodológico à forma como pretendo argumentar,
tendo também como referência a inspiração
da Escola de Toronto.
Pois as intuições
de Mc Luhan sobre a materialidade da comunicação –
ou seja a premissa de todo ato de comunicação exige
um suporte material que exerce influência sobre a mensagem,
alterando as relações que as pessoas mantém
com seus corpos, com sua consciência e com suas ações,
reconfigurando tecnologias anteriores – são fundamentais
para meu argumento.
Entretanto, por outro lado, minha
reflexão distancia-se de Mc Luhan e Meyrowitzs uma vez que
não considero produtivas as grandes clivagens e as respectivas
rupturas que os autores propõem entre uma tal cultura tribal
pré letrada; a cultura letrada ocidental e uma novo momento
de retribalização que têm no rádio, na
televisão e nos computadores seus artífices.
Ainda que compartilhe com os autores a premissa de que os meios
digitais desestabilizam e reconfiguram práticas anteriores,
me desvio da trilha proposta por eles primeiramente em direção
a um outro grupo que enfatiza a necessidade de se pensar em toda
uma série de clivagens culturais para além da grande
divisão entre alfabetizados e analfabetos, obrigando-nos
a reconhecer os limites da perspectiva da Escola de Toronto em torno
dos efeitos de diferentes tecnologias. (Eisenstein: 1998; Chartier;
1997; Cavallo e Chartier; 1998; Zumthor: 2003; Briggs e Burke;2004)
Nesta reflexão a escrita
e o letramento, longe de operações intelectuais abstratas
e instauradas no Ocidente de uma vez por todas, devem antes ser
examinadas através dos diferentes suportes e circunstâncias
materiais de leitura, das diferentes maneiras de ler, do uso do
corpo, da inscrição desta(s) prática(s) dentro
de um espaço, a relação consigo ou com outro
na leitura em silêncio ou em voz alta produzindo ritmos distintos.
Como segunda divergência,
também considero problemática a naturalização
dos autores do sentido de audição, que é visto
em oposição e disputa com a cultura visual instaurada
pela imprensa. Assim, enquanto a escrita é pensada como uma
operação intelectual altamente sofisticada e complexa,
ouvir é uma atividade quase natural e anti-racional. “O
conflito último entre a visão e o som; entre as formas
escritas e orais de percepção e organização
da existência, está ocorrendo agora.” afirmava
Mc Luhan em 1964, como se se tratassem de formas radicalmente antagônicas
de experimentar o mundo. (pg 30)
Para explorar trilha divergente,
vou considerar a última geração de telefones
móveis e suas formas de escuta inseridas dentro de uma história
cultural do som e das formas de ouvir através de aparelhos
de reprodutibilidade técnica.
Meu ponto é o de que o som
é também um objeto de conhecimento na modernidade
e não uma forma natural de apreensão do mundo; e que
ao contrário do que sugere Mc Luhan, a era da eletricidade
dá continuidade a um processo de abstração,
isolamento e problematização do sentido da audição,
tanto quanto da visão.
Há uma forma moderna de ouvir;
e ela está articulada a uma história dos objetos técnicos
de audição tais como o telefone, o telégrafo
o fonógrafo e até mesmo a aparelhos de escuta médica
tais como o estetoscópio. (Sterne; 2004)
Compreender a materialidade destes
instrumentos, suas relações com os corpos e suas apropriações
pela indústria me parece a forma mais refinada de entender
como se forja a noção de meio de comunicação
– que pode ser pensada como a estabilidade de uma variedade
de forças sociais e tecnológicas, num período
específico, definindo uma gramática; para finalmente
compreender a reconfiguração destas práticas
promovidas pelos smart mobs no contexto da atualidade.
A construção
do espaço acústico na modernidade
Para contornar a suposição sobre a naturalidade do
espaço acústico e as práticas de escuta, acompanho
o argumento de Sterne (2004), para quem um novo “regime de
audição” instaura-se na modernidade, paralelo
ao novo “regime de visualidade”, a partir da possibilidade
de se ouvir com/através/ mediado por tecnologias.
Para o autor, a história
das técnicas auditivas oferece uma contra-narrativa à
visão romântica ou naturalista que coloca a visão
como o sentido intelectual racionalista por excelência; enquanto
a audição é o sentido afetivo, intuitivo e
unificado aos outros, que cria a participação em profundidade,
ao mesmo tempo que apela para a noção de simultaneidade
e integração1.
Se podemos pensar no telégrafo
elétrico como inaugurando a história da comunicação
de massa, então torna-se urgente equilibrar o impacto das
máquinas de visão e de audição na discussão
sobre a experiência da comunicação mediada que
se consolida na modernidade, percebendo que ambas fazem parte de
uma forma moderna de conhecimento propiciada pelos sentidos.
Por regime de audição
o autor entende “o conjunto de disponibilidades, costumes,
técnicas corporais e disposições subjetivas”
envolvidas nesta atividade. E é supondo um mesmo regime que
Sterne reúne experiências a princípio díspares
tais como a auscultação médica através
do estetoscópio, a escuta dos telégrafos e dos telefones
ao longo do século XIX; e posteriormente a escuta do gramofone
e do rádio. Longe da noção de uma escuta natural,
o autor destaca a experiência de aprendizado presente nas
distintas atividade.
Aos leitores que estranham a relevância
da auscultação médica e do estetóscopio
nesta história, Sterne nos persuade apresentando um anúncio
publicitário dedicado aos médicos, da primeira metade
do sec. XIX, cujos dizeres são os seguintes:
Doutores! Vocês precisam
de um headset! Para antenarem-se com o som do corpo, para ouvir
estados interiores que de outra forma não aconteceriam;
para eliminar o barulho do quarto e de seu próprio corpo;
e para ter uma verdadeira e clara recepção de líquidos
dentre do peito (pg 107)2.
Este anúncio antecipa em
quase um século o comercial da empresa de rádio Brandes,
que se dirige aos potenciais consumidores de rádio nos seguintes
termos:
Você precisa de um headset:
para sintonizar-se; para localizar estações distantes
– tanto domésticas quanto estrangeiras; para ouvir
sem incomodar os outros; para isolar-se do barulho da casa e obter
do rádio o máximo de diversão; para obter
sempre a mais clara e verdadeira recepção. (pg 88)3.
Ainda que os detalhes pitorescos
da rica história das “machines to hear from”
no século XIX mereçam toda a atenção
e uma discussão à parte, interessa-me aqui destacar
os elementos que permitem pensar nestas experiências como
fundadoras de uma genealogia da escuta moderna, codificando uma
“atitude social burguesa” em relação ao
som4.
Primeiramente, estas técnicas
de ouvir articulam-se à razão científica e
à racionalidade. Seja nos aparelhos médicos, seja
na invenção do telefone, do telégrafo ou do
gramofone, uma mesma operação de abstração,
quantificação, medição e registro do
som são fundamentais, apontando para a operação
de construção do som como objeto do conhecimento.
Paralelamente, a audição
é também isolada do outros sentidos – a fim
de ser estendida, ampliada e modificada. Retirar o ouvido do corpo
é a idéia que permeia estes variados desenvolvimentos,
e que vão possibilitar que eles sejam pensados posteriormente
como extensões5.
Além disto, eles reconstróem
o espaço acústico como um espaço privado pertencente
a um indivíduo. Isto fica muito claro nas peças de
publicidade acima reproduzidas e também no exemplo da criação
de cabines telefônicas ou de salas de trabalho para a recepção
do telégrafo elétrico. Em todos os casos, trata-se
de criar um espaço acústico isolado, privado, de onde
eliminaram-se os ruídos do exterior. Concomitantemente, esta
construção toma o som como problema, construindo as
noções de interior e exterior e aponta para uma conquista
do universo burguês: o direito ao silêncio para que
a apreciação sonora individual possa ser atingida
mesmo em espaços públicos (nas salas de concerto este
é o momento da passagem de óperas ruidosas para platéias
silenciosas; nos cafés, conquista-se o direito à leitura
de um jornal sem ser incomodado por conversas inoportunas).
Finalmente, estes aparatos valorizam
os detalhes sônicos: a distinção de ruídos,
variações de timbres ou ritmos, pausas e outras sutilezas
da expressão sonora vão ser cruciais na definição
seja de um diagnóstico médico através do estetoscópio,
seja no estabelecimento da mensagem pelo ouvido do telegrafista,
seja na apreciação musical. Para tanto, a educação
cognitiva para lidar com estes instrumentos – que pode ser
formal como no caso da medicina ou prática no caso dos telegrafistas,
dos usuários de telefone, rádio e outros meios é
fundamental6.
Estas premissas são relevantes
para meu argumento por diversas razões. Primeiramente, porque
elas remetem à pré-história dos meios de comunicação
de massa, demonstrando como meios de reprodução sonora
que hoje são pensados como díspares – tais como
o telefone, o rádio e o toca-discos remetem, na sua origem
a um set de problemas comuns. A noção de cross-fertilization
enfatiza o fato de que diferentes artefatos tecnológicos
jamais desenvolvem-se isoladamente mas antes afetam-se mutuamente;
e que desenvolvimentos num campo a princípio alheio à
discussão – como os aparelhos de audição
médica – irrigam uma série de novos desenvolvimentos
em outros campos.
Em segundo lugar, como já
disse, porque eles desmentem a suposição da “escuta
através de aparelhos técnicos” como natural;
e apontam para uma questão central deste trabalho. A de que
é preciso todo um aprendizado da gramática
de um meio para lidar com ele.
Finalmente, porque esta é
ao mesmo tempo uma história de articulações
das “hearing machines” e também da definição
de suas especificidades gramaticais, a partir dos insucessos de
alguns desenvolvimentos, das idas e vindas na utilização
de um artefato, nas apropriações indevidas –
que finalmente, depois de um período de experimentações,
adquire uma certa estabilidade.
A lista de potencialidades de Edison para o fonógrafo é
ilustrativa. Antes que o aparelho tomasse o rumo que o consagrou
como reprodutor de música, seu inventor listou as seguintes
possibilidades de uso: 1) Escrita de cartas e ditado sem a ajuda
de um estenógrafo. 2) Reprodução gravada de
livros para cegos 3) Ensino da elocução 4) Reprodução
musical 5) Registros familiares – dizeres, reminiscências,
as últimas palavras de um moribumdo6) Music boxes 7) Relógios
que anunciam em voz alta os horários dos compromissos agendados
8) A preservação da linguagem através do registro
da exata pronúncia das palavras 9) Objetivos educacionais
tais como as explicações do professor, gravadas para
acesso do aluno a qualquer momento 10) Conexão com o telefone,
tornado este último um instrumento auxiliar na transmissão
de registros permanentes.
Além da curiosidade, esta
lista nos mostra a plasticidade de qualquer artefato técnico,
que pode vagar por trilhas indeterminadas até que se consolide
como um meio de comunicação.
Desta forma, proponho pensar um
meio de comunicação como “a estabilidade de
um set de forças sociais e tecnológicas, com funções
claramente definidas durante um período específico”
(Sterne; pg 182) e de gramática do meio como a caracterização
destas funções a partir da articulação
de quatro variáveis: 1) a dos aspectos cognitivos e das práticas
sociais dos usuários; 2) das linguagens do meio, tecnologias
envolvidas e suas formas de estocagem da informação
3) dos aspectos político-institucionais envolvidos na produção-circulação-recepção
da informação através do meio 4) Finalmente
do contexto macro-econômico onde se insere tal meio. Eixos
que julgo traduzirem o universo de instuições, tecnologias,
usuários, práticas elinguagens abordadas pelas diferentes
correntes de estudos da comunicação, que em conjunto
constituem o meio e garantem sua estabilidade durante um período
determinado, até que novas práticas reconfigurem as
anteriores, explodindo seus usos e tornando-os obsoletos7.
Esta lógica nos remete à
discussão de Bolter e Grusin em torno da noção
de remediação. Os autores partem da conhecida frase
de Mc Luhan de que “o conteúdo de um meio é
sempre um meio anterior”; e exploram as possibilidades do
tetraedro sugerido pelo último para compreender as dinâmica
das mídias, onde a premissa é a de que um meio atua
sempre em relação aos anteriores a partir de uma dupla
lógica de conservação e ruptura8.
Se aplico esta noção
para indagar “o que é um telefone como meio de comunicação”
posso alinhavar rapidamente – e um tanto superficialmente
– algumas características que estabilizaram o meio
telefone no século XX. Qual é a gramática do
telefone e o que ele reconfigura?
No eixo das práticas cognitivas
e sociais, o telefone é o meio para a comunicação
à distância, ponto a ponto, presencialmente, dentro
de um espaço acústico privado. (Ao contrário
da comunicação broadcasting que se estabiliza em torno
do rádio, por exemplo)
Nos termos de Mc Luhan trata-se
de uma extensão da voz e do ouvido humano, que potencializa
e ao mesmo tempo torna obsoleta a comunicação um-a-um
através de cartas, por exemplo. Esta prática exige
uma série de novas posturas corporais– uma certa discrição
de quem fala, um acoplar-se ao aparelho para melhor ouvir; talvez
uma cadeira para melhor conversar; a perícia em falar no
tom adequado, se não se quer ser ouvido pelo entorno, que
se acompanham de regras de sociabilidade e de novos hábitos
- inclusive mnemônicos - para o armazenamento da informação
necessária para a comunicação consumar-se9.
No eixo das linguagens, sabemos
que o telefone supõe uma naturalidade e coloquialidade de
quem fala, semelhante ao diálogo tête-a-tête;
ao mesmo tempo que uma certa redundância do discurso –
desde o alô inicial – que garante a qualidade da transmissão
da mensagem e regras como não falar ao mesmo tempo, a fim
de eliminar os ruídos da comunicação. Sobre
as tecnologias, cabe apenas destacar no momento que o telefone é
um dos frutos da intensa experimentação que ocorre
no final do século XIX em torno de aplicações
no terreno da eletricidade. E que desenvolvimentos posteriores como
a comunicação por satélite, a fibra ótica;
tanto quanto pequenos avanços no formato do aparelho (da
manivela ao acesso discado, posteriormente teclado; o telefone fixo
sem fio, com bina e secretária eletrônica) fazem parte
da história de seus usos.
No terreno político-institucional,
trata-se de um serviço adquirido individualmente –
ou empresarialmemente - de uma companhia especializada, dentro do
novo modelo de consumo burguês de commodities; e
que depende de fatores tais como a disponibilidade de linhas telefônicas
na região requerida pelo usuário; da compra de um
aparelho específico – cuja evolução (da
manivela aos telefones sem fio) ainda que exija domínios
cognitivos ligeiramente distintos, altera pouco a estabilidade da
sua gramática.
Finalmente, no eixo macro-econômico,
temos a discussão sobre a regulamentação estatal;
as disputas macro-econômicas, os monopólios de companhias
que fornecem o serviço, etc.
De que forma os smart mobs reconfiguram
estas funções? Porque ainda são chamados de
telefones e não de rádios ou games? O que ainda há
da gramática anterior?
Remediando o telefone através
dos smart mobs
Pereira (2002) enumera
algumas tendências das mídias digitais. São
elas: 1) a tendência à redução da energia
corporal, da necessidade da presença física dos interlocutores
para o ato comunicativo consumar-se. 2) A complexidade crescente
para estocar informações 3) A invisibilidade ou transparência
da tecnologia através de interfaces amigáveis 4) A
hibridação midiática – absorção
e reatualização da mídia anterior 5) O aumento
da independência quanto às determinações
impostas pelas variáveis espacial e temporal 6) A multi-direcionalidade
da comunicação.
Estas tendências ou princípios
são confirmadas na inúmeras formas de utilização
dos smart mobs. Pois, se o meio telefone exigia a co-presença
para consumar a comunicação, temos agora inúmeras
formas de enviar mensagens textuais, fotos, músicas sem a
presença do usuário na outra ponta da linha, confirmando
o princípio da economia corporal. A estocagem de mensagens,
sons e todo tipo de informação nas agendas eletrônicas
confirma o segundo princípio, ao mesmo tempo que nos lembra
a pequena tragédia que é perder um celular recheado
de informações irrecuperáveis; a amigabilidadade
das interfaces coloridas e lúdicas nos dão a ilusão
da transparência tecnológica; e acumulamos outras funções
com a atividade de falar ao telefone, confirmando a terceira tendência.
A absorção de diversas mídias anteriores no
que é conhecido como o efeito de convergência –
o telefone que como já disse, fotografa, armazena sons e
imagens; possibilita o acesso à Internet sem necessidade
de linhas fixas, acessa games, aponta para aspectos fundamentais
do quarto princípio, da hibridação tecnológica.
A liberação da co-presença para o ato comunicativo
em inúmeras situações – desde a utilização
do telefone para falar com quem está do nosso lado numa reunião
através de uma mensagem de texto, para localizar um amigo
que está no mesmo recinto ou para criar performances como
o curioso fenômeno dos flash mobs apontam para a crescente
independência das variáveis espaciais e temporais.
Da mesma forma reformulam-se os limites entre as noções
de público e privado: por um lado, o telefone torna-se a
ferramenta de maior privacidade e revela aspectos da vida íntima
contemporânea como nenhum outro. Não por acaso, ele
pode ser pensado – especialmente no caso da juventude –
como uma extensão da subjetividade, em tactilidade íntima
com o corpo (o comando vibracall é um exemplo) e com o eu.
Nele temos os registro das últimas ligações,
o arquivo de relações mais próximas através
dos números arquivados, e ainda as mensagens dos amigos,
as fotografias além das ferramentas de personalização
(a música que identifica a chamada, as capas coloridas, o
nome do proprietário registrado no visor)10.
Por outro lado, a reformulação
do espaço acústico privado também ocorre à
medida que o isolamento, a intimidade e a privacidade já
não são as formas dominantes de comunicação
com este meio: fala-se ao telefone em qualquer lugar, obrigando
os vizinhos de transporte público ou da mesa de restaurante,
por exemplo, a compartilharem às vezes com constrangimento
conversas íntimas. Finalmente, confirmando a última
tendência, temos a possibilidades de chats e outros recursos
que revertem a definição do telefone como aparato
para a comunicação ponto a ponto, um a um.
Aplicadas aos quatro eixos que constituem
a gramática do meio, podemos perceber que estas tendências
convergem para o eixo 1 – das práticas cognitivas e
sociais e 2) das linguagens e tecnologias; o que em nada invalida
sua argumentação.
Pelo contrário, creio que estas sugestões, mesmo aplicadas
ao objeto em foco de forma ligeira e exploratória, contribuem
para perceber que os smart mobs colocam em jogo a gramática
do meio telefone. Entretanto, caberia explorar ainda, na parte final
deste artigo, os aspectos político-institucionais e econômicos
desta reconfiguração; ou pelo menos um aspectos –
que é o impacto desta nova forma de escuta dentro da indústria
fonográfica.
Convergências e hibridações
no ambiente de escuta musical
Conforme vimos na
abertura deste trabalho, as formas de escuta musical através
do celular já constituem uma expressiva fatia do mercado
musical, ultrapassando a venda de singles; empresas desenvolvedoras
de aparelhos contratam com exclusividade músicos e Djs para
fornecerem conteúdo musical para os celulares e patrocinam
eventos musicais com o objetivo de associarem sua marca a este mercado
e a previsão é de crescimento exponencial destas formas
de consumo, com possibilidades do usuário estocar músicas
no seu aparelho, escolher os ringtones para as chamadas, etc. Podemos
supor, então que em um futuro muito próximo os mobile
phones servirão não só para convocarem os amigos
para festa mas também para, acoplados a caixas mais potentes,
tocarem a música da festa, além de disponibilizar
os ingressos ou filipetas.
Para compreendermos a reconfiguração
em curso, faz-se necessário pensá-la dentro de um
contexto mais amplo – o das transformações propiciadas
no circuito de produção-circulação-consumo
musical a partir das tecnologias digitais.
Aqui, cabe lembrar o papel das tecnologias
viabilizando novas práticas musicais, como por exemplo a
possibilidade de se produzir discos de qualidade em casa, em estúdios
caseiros, a partir de softwares baixados da internet; ou de fazer
música a partir de colagens de sons de outros compositores,
num processo de apropriação, recorte e reciclagem
de informações extremamente ágil e eficaz,
graças ao rápido desenvolvimento de tecnologias digitais
especializadas em lidar com sons.
Além disto, a rede internet
passa a propiciar um importante espaço de comunicação
– seja no polo do produtor musical seja no do consumidor -
disponibilizando sites e listas de discussão para a divulgação
de informações; ao mesmo tempo que um acervo global
de sons que podem ser usados nas composições. A partir
de procedimentos relativamente simples e baratos, um usuário
com um computador ligado em rede pode “baixar” arquivos
sonoros de amplo espectro, recortar “pedaços”
(samples) da composição original e utilizá-los
em composições próprias também gravadas
em arquivos digitais, tornando-se assim um editor/produtor musical
e não mais um músico no sentido clássico do
virtuose. Há também a opção de trilhar
o caminho inverso, exibindo suas produções para além
do ambiente geograficamente delimitado de origem, em sites dedicados
a este tipo de produção.
A troca de música na Internet
através de ferramentas par-a par como o Napster e mais recentemente
do Kazaa e outras; as web-radios, a criação do I-Pod
- aparelho com alta capacidade de estocagem de músicas em
formatos variados e a venda de música através de lojas
virtuais como a I-Tunes – ambos desenvolvimentos da Apple,
empresa de informática que migra para o setor de comercialização
de música11, constituem
em conjunto um cenário marcado por novas tecnologias que
colocam em questão a gramática de todos os meios de
comunicação ligados à reprodução
e consumo musical da modernidade12.
Reconfigurações que ainda não foram compreendidas
pelo grande complexo industrial ligado à comercialização
de música massiva, e que apontam para o que tem sido chamado
de crise da indústria fonográfica.
Neste cenário, caberia indagar
se a noção de meio de comunicação ainda
faz sentido uma vez que ele se refere, como vimos, a um conjunto
estabilizado de forças que constituem uma gramática
específica. Ou seja: sabemos o que é ver televisão,
ouvir rádio ou discos na modernidade, pois tratam-se de gramáticas
específicas ; entretanto, quando dizemos que alguém
está “falando no celular” já é
possível pensar num set multi-gramatical, resultado da convergência
e multi-atividades permitidas neste ambiente, além das acoplagens
com outras mídias; e onde a noção de consumo
participativo – referindo-se às formas de entretenimento
que convidam o usuário a participarem ativamente do processo
– é fundamental. (Thebergé; 1997; 252/253)
Decerto esta indagação
não permite pronta resposta. Por um lado, talvez estejamos
num momento de transição, quando a hibridação
entre meios anteriores é mais visível do que a estabilidade,
que se dará num momento posterior. Mas, pelas observações
precedentes, também é possível apostar que
a noção de meio de comunicação –supondo
um grau de estabilidade e de definição gramatical
especializada - tenha sido implodida pela maleabilidade, flexibilidade
e metamorfose das tecnologias digitais tanto quanto suas hibridações.
Voltando agora ao diálogo
com Meyrowitz - depois deste percurso posso concordar com a premissa
de que talvez estejamos nos distanciando da especialização
que marca a modernidade; e a metáfora de nômades da
esfera digital é sem dúvida poética e sedutora.
Entretanto, o cenário da comunicação wireless
é de complexificação midiática crescente,
de refinamento das experiências sensoriais e novas articulações
entre os sentidos; de acoplagens entre escuta, imagem, tactilidade;
de traduções e transcriações gramaticais
tanto como de mediações, que por sua vez geram formas
novas de sociabilidade, num cenário comunicativo jamais experimentado
por tribos de caçadores – o que aponta para os limites
da analogia do nomadismo, que contribui pouco, em sua singeleza
e generalidade, para compreendermos as reconfigurações
em curso.
Concluo estas observações
citando Rheingold, que em sua maneira sempre profética consegue
mobilizar a atenção dos interlocutores sobre o que
está em jogo através dos telefones celulares. Na sua
narrativa, ele afirma que a primeira revelação sobre
os smart mobs ocorreu numa tarde de Tóquio, há alguns
anos.
That was when I began to notice
people on the streets of Tokyo staring at their mobile phones
instead of talking to them. The sight of that behavior now commonplace
in much of the world triggered a sensation I had experienced a
few times before – the instant recognition that technology
is going to change my life in ways I can scarcely imagine (2002;
Introduction).
Para o autor, os mobile phones
serãopara a internet aquilo que o telefone foi para o telégrafo:
uma ferramenta para transformá-la numa tecnologia mainstream.
A aposta é boa e vale à pena acompanharmos os próximos
lances do jogo, que definirão os rumos da cibercultura.
Notas:
1
Sterne chama este argumento romântico que idealiza a audição,
tomando-a como uma experiência sagrada, de “litania
da oralidade” (2004;15)
2 “Physicians! Auscultators!
You need a headset! To tune in the sound of the body, to hear interior
states that you otherwise wouldn’t, to eliminate the noise
of the room and your own body, and to always get the truest and
clearest reception of gasses and liquids inside the chest”.
3 “You need a headset: to
tune-in with; to get distant stations – both domestic and
foreign; to listen-in without disturbing others; to shut out the
noise in the room – and get all the radio fun; to get the
truest and clearest reception – always.”
4 Ao falar de uma geneologia e
também de “regimes de escuta” o autor reconhece
a dívida com a metodologia de Foucault; ao mesmo tempo que
sublinha seu afastamento das observações do autor
que sobre-estima a importância da visualidade na cultura moderna.
5 No caso de uma das primeiras
experiências de recriação mecânica do
sentido da audição, o ouvido não é só
uma metáfora. Em 1874 Graham Bell e Clarence Blake desenvolveram
um curioso artefato que chamaram de fonoautógrafo, que usava
parte de um ouvido humano – resultado da dissecação
de um cadáver - para reproduzir o mecanismo da audição.
(Sterne; 2003; 32)
6 Sobre a nova ênfase nos
detalhes sônicos, o autor faz interessante observação
sobre a coincidência deste fato com o “súbito”
interesse branco pela música negra, dentro da cultura de
massa como no caso do jazz – cuja ênfase no ritmo e
no timbre, pelos detalhes da improvisação e variação
sutil são muito apreciados justamente neste momento em que
o som desafia o ouvinte para um certo tipo de escuta.(pg 158)
7 A noção de meio
e de gramática tem clara inspiração mcluhaniana,
ainda que não exatamente a mesma acepção do
autor. Para uma discussão da noção de meio
e de gramática em Mc Luhan ver Pereira (2002). Vale observar
ainda que a noção de meio de comunicação
é uma das noções polissêmicas do campo,
admitindo inúmeras definições. Para esta discussão
ver: Martino (2000)
8 “We propose no underlying
theory to attack or defend, but rather a heuristic device, a set
of four questions , which we call a tetrad. (...) The tetrad was
found by asking ; “What general, verifiable (that is testable)
statements can be made about all media? We were surprised to find
only four, here posed as questions: What does it enhance or intensify?
What does it render obsolete or displace? What does it retrieve
that was previously obsolesced? What does it produce or become when
pressed to an extreme? “ (Mc Luhan, Marshall and Mac Luahn,
Eric; 1988; 7)
9 É interessante lembrar,
a título de curiosidade, que enquanto alguns usuários
deste meio adoram falar ao telefone e se adaptam completamente às
exigências de sua gramática, outros não. O filme
Denise is calling retrata esta adaptação de usuários,
focando-se sobre um grupo de amigos que só se comunicam pelo
telefone e adaptam toda a sua rotina a esta atividade. Um outro
exemplo de perícia em lidar com o meio é dado por
Ruy Castro sobre Nelson Rodrigues, no livro O Anjo Pornográfico.
Segundo seu biógrafo, o dramaturgo adorava falar no telefone,
baixinho, por horas a fio, às vezes altas horas da noite,
num papo infindável que enlouquecia seus amigos na outra
ponta.
10 Rheingold (2002) cita a pesquisa
que demonstra a importância dos telefones móveis japoneses
na sociabilidade da juventude daquele país. Numa sociedade
hierarquizada, onde os jovens estão sob estrita vigilância
dos familiares; e onde as linhas de telefone fixas são carissimas,
o papel do telefone móvel – chamado keitai - como elemento
de privacidade e contato com os pares longe dos olhos dos pais é
muito expressivo. Um outro exemplo inusitado pode ser conferido
no Caderno de Informática do Jornal O Globo (13/09/2004).
Trata-se do relato de uma forma de comunidade, com grupos que reúnem
até 18 mil pessoas – a dos álibis digitais.
A idéia é a de que alguém que necessite de
um álibi para uma pequena mentira tal como justificar o atraso
para a namorada ciumenta, envia uma mensagem de texto SMS via celular
para o grupo e alguém disponível se apresenta para
dar uma ligada para a “vitima”, colaborando para tornar
a desculpa convincente. Na mesma linha, o usuário também
pode “baixar” no celular sons ambientes (a partir de
sites como o Soundster) – por exemplo uma sirene de ambulância,
uma serra elétrica, sons de congestionamento – para
enganar seu interlocutor.
11 Migração trans-setorial
é o nome que Thebergé dá a esta passagem de
recursos humanos e de conhecimento de uma indústria para
a outra. (1997; 58/59)
12 Para a reflexão sopbre
as novas práticas musicais: no caso da música eletrônica
ver Sá (2003); para os estudo dos impactos das tecnologias
na indústria fonográfica independente, ver Marchi
(2004) ; para uma reflexão em torno das comunidades virtuais
de música eletrônica ver Sá e Marchi (2004);
para uma discussão sobre a troca de música através
do Napster ver Martins (2003); para uma análise do fenômeno
das web-radios, ver Ferrão Neto (2003).
13 Não estou supondo
uma experiência homogênea com os meios de comunicação
de massas. Minha premissa é tão somente a de que em
todos os casos, há um procedimento codificado que é
hegemônico.
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